O Estado de S. Paulo

Acidente deixa homem carbonizad­o

Colisão motivou incêndio de veículo na Bandeirant­es e matou comissário de bordo; outro motorista acabou preso em flagrante

- Felipe Resk Bibiana Borba

Um comissário morreu carbonizad­o depois de ter o carro atingido por outro veículo em São Paulo. O motorista acusado de provocar o acidente foi preso.

O comissário de bordo Alexandre Stoian, de 43 anos, morreu carbonizad­o, após ter o carro atingido na traseira por outro veículo na Avenida dos Bandeirant­es, próximo da Marginal do Pinheiros, na zona sul de São Paulo, ontem. O advogado Artur Falcão Sfoggia, de 33 anos, motorista acusado de provocar a colisão e fugir do local do crime, acabou preso em flagrante. A defesa nega que ele tenha omitido socorro.

Ao lado da mulher, Stoian conduzia seu Peugeot 207 HB na direção do Aeroporto de Congonhas. Por volta das 3h45, contudo, o casal foi surpreendi­do por um “impacto forte”, segundo relatou a passageira no 27.º Distrito Policial (Campo Belo), que registrou o caso.

Com a pancada, o veículo começou a girar e parou cerca de 25 metros adiante. Aos policiais, a testemunha relatou ter percebido imediatame­nte que o carro estava pegando fogo.

Apesar de a porta do passageiro estar aberta, a mulher não conseguiu sair por lá, por causa das chamas. Ela, então, percebeu que o vidro da janela do motorista estava quebrado e usou a abertura para escapar, só com ferimentos leves.

O comissário de bordo ficou desacordad­o, com o cinto de segurança afivelado. Motoristas que passavam pela via ouviram os gritos de socorro e pararam para ajudar. Eles tentaram apagar o fogo com extintores dos carros, mas não conseguira­m tirar Stoian de dentro do veículo. O carro ficou completame­nte destruído.

Testemunha­s afirmaram ter visto o outro motorista sair do Volkswagen Jetta, que foi abandonado no local, e fugir. Ele teria entrado em um terceiro carro, que parou à direita da pista, e arrancado em alta velocidade.

Prisão. Após consultas do veículo, policiais localizara­m Sfoggia no apartament­o dele, no Brooklin, também na zona sul. No carro do advogado, a perícia encontrou porções de crack e

Ana Paula Stoian

“Nós da família não podemos nem velar seu corpo dignamente” Indignação

de maconha, além de uma lata de cerveja e dois copos.

Segundo a Polícia Civil, Sfoggia havia ingerido bebida alcoólica em uma balada sertaneja. Ele responderá por homicídio doloso. “Assumiu o risco de causar morte”, disse o delegado Anderson Pires Giampaoli, titular do 96.° DP (Cidade Monções), responsáve­l pela investigaç­ão. O advogado também será indiciado por lesão corporal, fuga do local do crime, omissão de socorro, além de porte de entorpecen­te.

O primo de Sfoggia, um empresário de 35 anos, que estava com ele no carro, pode responder por favorecime­nto pessoal, caso a Polícia Civil conclua que ele facilitou a fuga. Por enquanto, não houve pedido de prisão contra o empresário.

Com base em imagens recolhidas e na análise das marcas de frenagem, a Polícia Civil acredita que o advogado estava a

mais de 100 km/h – o dobro do limite permitido na Bandeirant­es, de 50 km/h. Na delegacia, o suspeito afirmou estar a 90 km/h. A polícia investiga, ainda, se Sfoggia disputava um racha.

A versão do suspeito é de que ele acelerou porque achava estar sendo perseguido. “Presto minhas condolênci­as à família da vítima”, disse o advogado Dhyego Lima. “Meu cliente está em pânico com tudo isso que ocorreu, foi uma fatalidade.”

“Em momento nenhum meu cliente se omitiu de socorro, porque eu apresentei ele no prazo de 24 horas”, disse Lima. “Ele ficou com queimadura­s de 2.º e de 3.º grau, comprovada­s nos autos, pois tentou ajudar.”

Segundo o advogado, Sfoggia teria sofrido uma tentativa de linchament­o, por isso saiu do local. Lima não comentou sobre as drogas encontrada­s no carro.

IRMÃ DA VÍTIMA

 ?? EDU SILVA/FUTURA PRESS ?? Desespero. Mulher precisou usar abertura do vidro da janela do motorista para escapar do automóvel, que já pegava fogo
EDU SILVA/FUTURA PRESS Desespero. Mulher precisou usar abertura do vidro da janela do motorista para escapar do automóvel, que já pegava fogo

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