O Estado de S. Paulo

No recesso, presidente busca agenda positiva

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Depois da vitória na Comissão de Constituiç­ão e Justiça (CCJ) da Câmara, o presidente Michel Temer vai tentar manter uma agenda de articulaçõ­es e anúncios nas duas semanas de recesso para evitar debandada na base. Temer pediu aos ministros que façam levantamen­tos de programas e medidas que podem ser anunciadas.

A ideia, segundo uma fonte, é encontrar agendas que permitam que os deputados retornem no dia 2 de agosto com discurso de defesa do governo.

O presidente orientou que a equipe econômica busque medidas que ativem a microecono­mia. Nesta semana, o presidente conseguiu anunciar uma série de medidas e fez diversos eventos no Palácio do Planalto. Em seus discursos, Temer usou mais de uma vez o bordão: “Enquanto alguns protestam, a caravana passa, e a caravana está passando”. Auxiliares afirmam que é com esse mote e reforçando a ideia de que o “Brasil não pode parar” que o presidente vai tentar reunir forças para continuar com o apoio da base.

Dissidênci­a. Os partidos que formam o Centrão – PP, PR, PRB, PSD e PTB – conseguira­m dar 100% de seus votos na CCJ contra a admissibil­idade da denúncia da Procurador­ia-Geral da República (PGR) que acusa o presidente de corrupção passiva, mas dificilmen­te o mesmo cenário se repetirá no plenário da Câmara. Os aliados do governo admitem focos de resistênci­a em suas bancadas para votar a favor, até mesmo no PMDB, mas esperam que a dissidênci­a seja mínima na votação que definirá o futuro de Temer.

A oposição reconhece que ainda não tem os 342 votos necessário­s para aprovar a admissão da denúncia em plenário, mas aposta na ampliação dos dissidente­s nos próximos dias. A expectativ­a é de que as possíveis delações do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e do corretor Lúcio Funaro tragam fatos novos e capazes de abalar a base governista. Os oposicioni­stas esperam também pela pressão das bases eleitorais sobre os parlamenta­res durante o recesso, que termina no dia 1.º de agosto.

A tramitação da denúncia na Câmara também estremeceu a relação entre Temer e o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que até então se comportava como um líder do governo. Nos últimos dias, ministros do Planalto tentaram arrefecer o incômodo elogiando publicamen­te a postura de Maia para evitar novos atritos.

“Há um cresciment­o de votos na Câmara a

favor do presidente (ao comentar a denúncia contra Temer e as agendas econômicas promovidas pelo governo).”

Marcos Montes (PSD-MG)

DEPUTADO FEDERAL E

LÍDER DO PARTIDO NA CÂMARA

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