Primeiro ouro vem da força de Orlândia
Thiago Paulino, que perdeu a perna esquerda após acidente de moto, vence o arremesso de peso na classe F57
“Eu precisei perder parte do meu corpo para entender o dom que Deus me deu. Eu não era um bom exemplo, vivia na balada, era briguento.” Aos 31 anos, Thiago Paulino conquistou a maior honra esportiva em sua carreira. Medalha de ouro no arremesso de peso, classe F57 (para amputados de membros inferiores) no Mundial de Atletismo Paralímpico em Londres, o atleta, um paulista cheio de orgulho da cidade onde nasceu, Orlândia, celebrou a vida ontem, no Estádio Olímpico da capital britânica.
Ex-segurança de um shopping center, Thiago deu ao Brasil a primeira medalha em Londres-2017 ao arremessar o peso a 14,31 metros. Após a confirmação do ouro, saiu com a bandeira brasileira nos ombros, acenando para o público. Ele perdeu a perna esquerda em um acidente de moto em 2010, quando comemorava a primeira gravidez de sua esposa, Raquel.
“Tive de mudar os planos da noite para o dia. Mas eu só tenho a agradecer. A melhor coisa que aconteceu foi esse acidente, que me transformou no homem, no pai de família e no atleta que eu sou”, diz Thiago, eufórico com a chegada do segundo filho, Heitor, que vai nascer no mês que vem – Lavínia, a mais velha, faz seis anos dia 26.
Thiago busca inspiração em personagens de sua vida. Cita os colegas do grupo ‘Belezoca’. Lembra do amigo Edinho, com quem cresceu junto e também alimentava o sonho de defender o time de futsal da cidade, o famoso Intelli Orlândia. Se emociona ao falar de Carlos Silva, o diretor do clube em que sonhou jogar bola, mas que foi defender como para-atleta. “Ele chorou comigo nas derrotas e agora vai chorar com essa vitória.”
E o futsal? “Por incrível que pareça, eu jogava de ala esquerda, sou canhoto de perna e mão, e ainda me tirou logo a canhota? Falei ‘ó não dá certo isso aí, deixa quieto e vai arremessar que é melhor’. Deu certo.”
VIAGEM A CONVITE DO COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO