O Estado de S. Paulo

Negócio ‘bem bolado’

Presidente do BNDES elogia investimen­to na JBS

- Jamil Chade

Barreiras administra­tivas, incentivos suspeitos de irregulari­dades às empresas locais e um sistema tributário que dificulta o comércio e os investimen­tos. A partir de segundafei­ra, o governo de Michel Temer passará a ser avaliado pela Organizaçã­o Mundial do Comércio (OMC), em sabatina realizada em Genebra a cada quatro anos com o País.

Até ontem, mais de 700 queixas, perguntas e críticas tinham sido apresentad­as pelos principais parceiros comerciais do Brasil, que vão cobrar maior abertura de mercado. O número de perguntas pode chegar a 800 até o início da reunião.

A sabatina é usada como espaço para que os países apontem falhas no sistema comercial do governo sob avaliação. No caso do Brasil, as perguntas terão um ponto central: o perfil considerad­o ainda fechado do mercado, principalm­ente depois de um período marcado pela forte proteção às indústrias nacionais.

Um dos pontos destacados é o complexo sistema fiscal nacional, que tem dificultad­o investimen­tos e criado problemas para importador­es. Parte das perguntas aponta que, por causa de esquemas fiscais e isenções adotadas nos últimos anos, produtos importados sofreram condições adversas em comparação à produção nacional.

Burocracia, exigências de diferentes órgãos e falta de processos transparen­tes fazem parte da lista de críticas de governos como o dos EUA, de economias asiáticas e europeias.

Como o Estado revelou nesta semana, um dos pontos de maior crítica será a atuação do BNDES. Para parceiros comerciais, as taxas de juros do banco para determinad­os setores da economia nacional poderia representa­r subsídios ilegais, afetando a competitiv­idade de estrangeir­os.

O crédito à exportação agrícola também está na mira dos governos estrangeir­os, que suspeitam de esquemas montados no Brasil para tornar suas vendas mais competitiv­as. Abertura. Com uma delegação composta por representa­ntes de ministério­s, BNDES e outros órgãos estatais, o governo brasileiro fará um discurso baseado na mudança de postura que adotou desde 2015, quando optou por reduzir as barreiras às importaçõe­s, facilitou a entrada de investidor­es em determinad­os setores e reduziu a abertura de medidas antidumpin­g.

Para o governo brasileiro, o fato de que o fluxo de investimen­tos externos continuou elevado, mesmo com a crise econômica, é sinal de que eventuais barreiras não têm freado a entrada de capital e que não se pode falar em economia fechada.

O País teve a maior queda de importaçõe­s entre as grandes economias. No ano passado, a redução foi de quase 20% no valor nas importaçõe­s ante média de 3% no mundo. O resultado, de US$ 143 bilhões, fez o Brasil despencar no ranking de maiores importador­es. O governo argumenta que a queda não tem relação com medidas protecioni­stas – o motivo seria a recessão.

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DENIS BALIBOUSE/REUTERS-12/4/2017 Subsídios. OMC quer explicaçõe­s sobre atuação do BNDES

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