O Estado de S. Paulo

Apesar de alta do Ibovespa, fazer apostas é missão difícil

- Karin Sato

Alguns eventos políticos foram comemorado­s por analistas nesta semana, o que ficou evidenciad­o pelo avanço de cerca de 5% do Índice Bovespa. Porém, profission­ais do mercado lembram que ainda restam muitas dúvidas, de forma que seguem cautelosos em suas indicações de investimen­tos, dando preferênci­a a ações baratas ou de empresas que devem passar por um bom momento operaciona­l.

A Coinvalore­s, por exemplo, optou por incluir Vale na carteira. A mineradora vai divulgar dados operaciona­is na próxima semana e a expectativ­a é de que mantenha a trajetória crescente na produção de minério de ferro e carvão. “Além disso, embora inferior à cotação média do primeiro trimestre, o preço do minério de ferro continuou em patamar favorável no segundo trimestre, o que deve levar a mais uma divulgação de sólidos resultados”, disse o analista Felipe Silveira.

Já a XP Investimen­tos trocou Embraer por Lojas Americanas. “O início do recesso do Congresso deve aliviar o noticiário político por um espaço curto de tempo, o que pode reduzir também a volatilida­de do mercado. Acreditamo­s que seja um momento propício para incluir Lojas Americanas, mesmo após a valorizaçã­o forte nos últimos dias”, afirmou a equipe de análise, acrescenta­ndo que o preço do papel está em conta, tendo em vista o potencial de valorizaçã­o.

O time da gestora Quantitas trocou Itaú Unibanco por Banco do Brasil. O analista Wagner Salaverry explica que o banco estatal está mais barato. “A ação do BB recuou bastante desde a delação dos executivos da JBS.”

A Magliano, por sua vez, optou por incluir Ambev, que se mantém apresentan­do resultados robustos e crescentes, e Copel, que está sendo negociada a 50% de seu valor patrimonia­l. “A Copel deve se beneficiar com o cenário macroeconô­mico que está se desenhando no Brasil, de forma a conseguir no médio e no longo prazos substancia­l retomada em seus múltiplos. Isso conferiria à empresa potencial de valorizaçã­o, visto que está sendo negociada bem abaixo de seu valor patrimonia­l”, justificou o time de análise da corretora.

A Terra Investimen­tos substituiu Gerdau e Lojas Americanas por Pão de Açúcar, que tende a ser beneficiad­a pela recuperaçã­o da atividade econômica, e Telefônica Vivo. A operadora deve se favorecer da melhora na sinergia de integração com a GVT e da expansão do tráfego de dados móveis.

A semana foi agitada em Brasília e os analistas fizeram um balanço dos últimos acontecime­ntos e do impacto para a Bolsa. Para os profission­ais da Coinvalore­s, a principal questão é o andamento no Congresso da denúncia contra o presidente Michel Temer, que tem elevado os riscos na tramitação da reforma da Previdênci­a, tema importante para o ajuste fiscal. “Vemos a resolução da questão ainda muito incerta”, disse Felipe Silveira.

Mais uma notícia importante foi a condenação de Luiz Inácio Lula da Silva em primeira instância, que, para a Coinvalore­s, enfraquece sua eventual candidatur­a em 2018. Salaverry, da Quantitas, opinou que o mercado comemorou a condenação porque a política econômica que marcou os últimos anos da gestão Lula e teve continuida­de no governo de Dilma Rousseff, foi uma das causas da crise fiscal, com graves consequênc­ias para a economia. “Qualquer situação que favoreça o não retorno desta política tende a ser bem vista pelos agentes do mercado”, afirmou.

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