O Estado de S. Paulo

As famílias têm mais controle sobre suas contas

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Os recursos sacados das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) foram empregados principalm­ente para quitar dívidas, segundo pesquisa feita entre 12 e 23 de junho com 2.880 pessoas pela Boa Vista SCPC, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). Outro levantamen­to realizado há mais tempo indicava que parte significat­iva dos recursos retirados do FGTS se destinaria ao consumo, mas, aparenteme­nte, a maioria das famílias vem dando preferênci­a ao equilíbrio prévio do orçamento.

Entre os que retiraram os recursos das contas inativas, 21% deram prioridade ao pagamento do rotativo do cartão de crédito em atraso, adaptando-se às novas regras do Banco Central e se livrando da dívida mais onerosa. Outros 16% pagaram contas com concession­árias de serviços públicos (água, luz, gás, etc.), evitando a interrupçã­o dos serviços; 10% quitaram empréstimo­s pessoais, inclusive na modalidade de empréstimo consignado; e outros 10% pagaram dívidas feitas com cartões de lojas.

Apenas 3% usaram os recursos do FGTS para fazer poupança, enquanto 2% antecipara­m o pagamento de contas e 3% adquiriram produtos e serviços. O endividame­nto, portanto, diminuiu, mas só 14% dos entrevista­dos conseguira­m quitar todas as dívidas em atraso. Entre os que têm contas pendentes, 25% declararam dever às empresas de cartões.

Outra pesquisa – da Confederaç­ão Nacional dos Diretores Lojistas (CNDL) e do SPC – indicou que 80% dos brasileiro­s cortaram gastos neste ano, a começar das despesas com alimentaçã­o fora do domicílio. Um porcentual semelhante de pessoas (76%) considerou que a situação financeira é igual ou pior do que a de 2016.

O resultado das duas pesquisas ajuda a entender por que é lenta a retomada econômica originada pelo consumo. As famílias dão preferênci­a ao ajuste dos orçamentos, deixando para o futuro um aumento do consumo. Ruim para a economia e para o comércio, a decisão das famílias mostra prudência. Antes de saber se o emprego será preservado e a renda mantida, os trabalhado­res quitam compromiss­os financeiro­s e dívidas atrasadas.

Com isso, 74% dos consumidor­es ouvidos pela Boa Vista SCPC declararam ter reassumido, parcial ou totalmente, o controle de suas finanças. Isso facilitará a volta ao consumo, tão logo a confiança cresça.

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