O Estado de S. Paulo

Para Rabello, JBS é um dos melhores negócios do BNDES

Presidente do banco disse que grupo da família Batista é um investimen­to ‘bem bolado’, embora passe por ‘momento delicado’

- Mariana Sallowicz / RIO

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvi­mento Econômico e Social (BNDES), Paulo Rabello de Castro, saiu ontem em defesa das operações do banco e afirmou que a JBS é “um dos negócios mais bem bolados e bem-sucedidos da BNDESPar”, braço de participaç­ões do banco. O grupo do empresário Joesley Batista liderou os desembolso­s do banco ao setor de carnes entre 2005 e 2016, com fatia de 38% (entre JBS e Bertin).

Rabello de Castro destacou que a JBS passa por um “mo- mento delicado” e criticou o acordo de colaboraçã­o de Batista. “Até a lambança da delação, a empresa estava cotada a quanto? Era mais de R$ 10 (a ação) e o BNDES quando entrou estava cotada aR$ 7”. Ontem, os papéis fecharam negociados em R$ 7,15, queda de 0,97%.

Para embasar a sua defesa ao BNDES, o executivo que está à frente do banco há pouco mais de um mês divulgou ontem o chamado “Livro Verde”, com uma série de informaçõe­s sobre as atividades do banco no período de 2001 a 2016.

A intenção foi fazer uma grande prestação de contas “diante de dúvidas suscitadas” no atual cenário político. Em maio, o BNDES foi alvo da operação Bullish, da Polícia Federal. A investigaç­ão apura fraudes e irregulari­dades em aportes concedidos pelo banco de fomento por meio de sua subsidiári­a, BNDESPar, à JBS por meio do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci.

O presidente do BNDES negou que o banco privilegie grupos empresaria­is. “É pura fantasia dizer que aqui tem um sujeito que é amigo do rei, que pediu preferênci­a e vai levar tudo. Longe disso”, afirmou. O banco de fomento tem 21,32% de participaç­ão na JBS.

Entre 2005 e 2016, a JBS recebeu 26% e o Bertin 12%. O grupo BRF ficou com 16%, enquanto a Marfrig e a Seara com 14%. Em 2013, a JBS comprou o controle da Seara. Outras empresas receberam 32%.

Rabello de Castro disse que quem mais sofre com a crise da JBS não é a empresa, mas o mercado pecuário brasileiro, em meio à “momentânea redução de liquidez ou capacidade de compra por parte” da companhia. O executivo destacou que, entre 2007 e 2016, o resultado líquido das operações do BNDES com a JBS foi positivo em R$ 3,56 bilhões. O banco colocou R$ 8,1 bilhões no grupo neste período. “Como resultado, as operações de mercado de capitais já renderam cerca de R$ 5,04 bilhões entre dividendos, comissões, prêmios e alienação de ativos”, traz o livro.

A assembleia geral extraordin­ária (AGE) da JBS, pedida pelo banco, irá apurar possíveis prejuízos à companhia por conta de algum ato do administra­dor. Segundo o executivo, a reunião foi solicitada e deve ser marcada nos próximos dias. Ele evitou falar sobre uma destituiçã­o de membros da família Batista da gestão.

“É fundamenta­l é que haja uma apuração”. Na visão dele, pode-se concluir que não houve nenhum dano significat­ivo. “Pode ter sido algum dano político, isso não tem nada a ver com a companhia. Queda de preço momentânea não é prejuízo”, disse.

TLP. Envolvido em uma polêmica com a equipe econômica do governo após criticar a nova taxa de juros proposta para o Banco Nacional de Desenvolvi­mento (BNDES), a Taxa de Longo Prazo (TLP), Rabello de Castro conclamou o empresaria­do a tomar a dianteira da retomada do cresciment­o uma vez que “o aparelho do Estado está constrangi­do por um teto de gastos”. “O empresário não pode esperar a máquina pública destravar. Tem que arrombar a porta da máquina pública. Não podemos esperar que o setor público venha resgatar o setor privado. O aparelho do Estado está constrangi­do por um teto de gastos. Não nos iludamos: a viúva está pobre, a festa acabou”

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FABIO MOTTA/ESTADAÃO - 1/6/2017 Estado. ‘Não nos iludamos, a viúva está pobre’, diz Rabello

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