O Estado de S. Paulo

Doria e Lula ‘rivalizam’ no ABC paulista

No limite com São Bernardo, berço do PT, prefeito de SP critica ‘vagabundag­em’ de ex-presidente; petista questiona ‘onde estão coxinhas’

- Pedro Venceslau Thaís Barcellos NA WEB Decisão. A sentença contra Lula estadao.com.br/e/sentencalu­la

Três dias depois de o juiz federal Sérgio Moro sentenciar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a 9 anos e 6 meses de prisão na Operação Lava Jato, no caso do triplex do Guarujá (SP), o petista e o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), ambos potenciais candidatos à Presidênci­a em 2018, protagoniz­aram cenas de campanha eleitoral na região do ABC paulista, berço histórico do PT, onde mora Lula.

Enquanto o ex-presidente aproveitou o palanque na posse da nova diretoria do Sindicato dos Metalúrgic­os do ABC, em Diadema, para provocar os “coxinhas”, Doria usou o microfone em um evento do programa Cidade Linda em São Bernardo do Campo para chamar Lula de “mentiroso”, “sem vergonha” e a presidente cassada Dilma Rousseff de “anta”.

“Quero saber onde estão os coxinhas agora depois do (Michel) Temer governando este País. Cadê as panelas, hein? Cadê

João Doria

os heróis deles? Os heróis deles eram santos de barro. Nós somos feitos de paixão por este País. Essa é a diferença entre nós e eles”, afirmou Lula.

Para uma plateia de militantes de sua base histórica, o sindicalis­mo, Lula voltou a falar sobre sua intenção de disputar a Presidênci­a em 2018. Se for condenado em segunda instância, pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), porém, ele ficará inelegível por causa da Lei da Ficha Limpa.

O petista contestou a sentença de Moro que determinou sua condenação no caso do triplex do Guarujá. “Se o MP (Ministério Público) provar algum contrato, alguma assinatura, algum cheiro meu naquele apartament­o, eu peço desculpas a vocês. Enquanto isso, vou continuar andando por esse País. Se vou ser candidato ou não, é outra história”, afirmou. Anteontem, a defesa do petista interpôs o primeiro recurso à decisão (mais informaçõe­s nesta página).

‘Anta’ e ‘vagabundag­em’. Na vizinha São Bernardo do Campo,

“Os petistas não sabem o que é trabalho porque têm o espelho do Lula, que é o espelho da vagabundag­em de quem trabalhou oito anos na vida e depois viveu das benesses do poder.”

PREFEITO DE SÃO PAULO

“Quero saber onde estão os coxinhas agora depois do (Michel) Temer governando este País. Cadê as panelas, hein? Cadê os heróis deles? Os heróis deles eram santos de barro.” Luiz Inácio Lula da Silva

EX-PRESIDENTE E CONDENADO

NA LAVA JATO

Doria escolheu uma rua no limite entre a cidade e a capital para pintar um muro, plantar uma árvore e atacar frontalmen­te Lula e o PT em mais uma edição do programa Cidade Linda. Ontem, sua residência foi pichada por manifestan­tes contrários ao programa de desestatiz­ação da Prefeitura (mais informaçõe­s na pág. A16).

Ao lado do prefeito da cidade do ABC paulista, o também tucano Orlando Morando, Doria chamou o ex-presidente de “sem vergonha”, “mentiroso” e Dilma de “anta”. “O povo de São Bernardo sabe quem é o mentiroso e sem vergonha do Lula”, disse o tucano. “Os petistas não sabem o que é trabalho porque têm o espelho do Lula, que é o espelho da vagabundag­em de quem trabalhou oito anos na vida e depois viveu das benesses do poder, dos amigos e do dinheiro de empreiteir­as. Nós preferimos acordar cedo e trabalhar.”

Em outro trecho do discurso, Doria disse que foi o PT “do Lula e da anta da Dilma” que deu ao Brasil “a pior recessão da história”. “O PT pensa que pode voltar, mas a maioria silenciosa vai ter a oportunida­de de manifestar sua posição em 1.° de outubro de 2018. É no voto que nós vamos ganhar do PT.”

Doria lembrou que São Bernardo do Campo, assim como São Paulo, foi governada pelo PT e ironizou o fato de a região – conhecida como “cinturão vermelho” – quase não ter petistas no Poder Executivo hoje.

Durante o discurso do prefeito da capital, a plateia, com cerca de 250 pessoas, puxou palavras de ordem contra o PT e pediu “Doria presidente, e Orlando Morando governador”. Questionad­os sobre as pretensões eleitorais para 2018, ambos desconvers­aram.

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MIGUEL SCHINCARIO­L/AFP
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KARINA LUZ/FUTURA PRESS
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