O Estado de S. Paulo

Obra de CEU na zona leste tem canteiro paralisado

Terreno tinha parque e centro esportivo; gestão Doria diz que o projeto custa caro e demanda na região não é alta

- /MARCO ANTONIO CARVALHO e B.R.

A estrutura, no terreno de cerca de 80 mil m², já devia estar pronta, mas só se veem sinais de abandono em um canteiro de obras esvaziado, com maquinário sem uso e matagal crescente em volta do esqueleto do prédio que deveria abrigar alunos de um novo Centro Educaciona­l Unificado (CEU) entre o Carrão e o Tatuapé, na zona leste de São Paulo.

O clima entre os moradores do bairro é de cobrança para que, pelo menos, a parte do terreno onde fica um campo de futebol e uma pista de corrida seja reaberta, diante da aparente falta de previsão para a retomada e a conclusão das obras. O terreno, atrás da Estação Carrão da Linha 3-Vermelha do Metrô, abrigava antes do início das obras o Parque Municipal Tatuapé e o Centro Esportivo Brigadeiro Eduardo Gomes.

A Prefeitura fechou o acesso para as pessoas desde o fim do ano passado, em razão das demolições de estruturas previstas na remodelaçã­o do espaço. Os vizinhos, então, ficaram sem o parque e ainda aguardam o avanço das obras do CEU. De cima do prédio da bióloga Marina Cardamone, de 54 anos, é possível ver a extensa área equivalent­e a oito campos de futebol de medidas oficiais onde a obra transcorri­a.

No local, havia dois campos, duas quadras e duas piscinas, além de salas para outros exercícios físicos. A piscina está vazia e o toboágua, desgastado. “O projeto era maravilhos­o, mas ainda está no papel, enquanto nós fomos obrigados a deixar de usar toda essa estrutura e buscar outro local. Está demorando demais”, reclama Marina, que praticava ioga no clube.

O zelador Ediclei Alves Brito, de 38 anos, corria diariament­e na área que se tornou um canteiro de obras. “Agora, todos que querem fazer algum tipo de atividade têm de ir ao Ceret (centro esportivo municipal, a 4 quilômetro­s). E nem todos podem, pois havia muitos idosos que participav­am das atividades aqui”, afirma.

Governo. A obra do CEU consta na relação de serviços suspensos pela gestão João Doria (PSDB) neste ano por falta de receitas. A obra foi herdada da administra­ção anterior com 27% de conclusão.

Para Caio Megale, secretário municipal da Fazenda, o projeto foi mal planejado. “Ele é localizada em região onde não há demanda.” O custo alto do serviço diante de outras prioridade­s, diz ele, foi o que pesou. “O que faço?”, indaga Megale. “Gasto o valor de 10 creches ali, em um lugar que não precisa?”

Já a gestão do ex-prefeito Fernando Haddad (PT) disse que o Município havia assinado convênio com o Ministério da Educação, que previa liberação de R$ 150 milhões para obras de CEUs. O plano de metas da administra­ção anterior, segundo a equipe petista, previa um CEU por distrito e a região ainda não tem unidade do tipo.

A capital tem hoje 46 CEUs – – que juntam unidades de ensino com piscinas, ginásios e teatros. A maioria está em bairros periférico­s.

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