O Estado de S. Paulo

Os 50 anos de carreira de Sidney Magal

Comemoraçõ­es incluem show em SP, seguido de turnê, além de livro e filme

- Adriana Del Ré

Por onde passa, Sidney Magal causa frisson em fãs das mais diferentes gerações. E ele gosta disso. “Você não perder esse calor em todos os locais é maravilhos­o. Fico como uma criança”, comemora Magal, em entrevista ao Estado, com a maior simpatia do mundo. Outros adjetivos também definem o cantor, como boa-praça, romântico e sensível. Até hoje, as lágrimas lhe vêm aos olhos quando ele lembra como conheceu sua mulher, Magali West, com quem é casado há 37 anos. A ela, aliás, Magal vai prestar homenagem em seu show de 50 anos de carreira, Bailamos, que apresenta no dia 17 de agosto, no Espaço das Américas, em São Paulo.

“Vou cantar a música que cantei para ela quando a conheci, Olha, do Roberto Carlos. Sei que vou me emocionar.” Além desse momento pessoal, Magal reunirá nesse repertório comemorati­vo músicas que vão desde quando ele ainda era desconheci­do, na fase anterior ao lançamento do disco Sidney Magal, de 1977 – período que ele também contabiliz­a na sua trajetória –, passando por sucessos da carreira, como Sandra Rosa Madalena, Meu Sangue Ferve Por Você, Tenho e Me Chama Que Eu Vou, e canções inéditas na sua voz. A apresentaç­ão vai ser registrada em DVD.

“A ideia partiu do meu filho, Rodrigo, que me falou: ‘Meu pai, temos de deixar registrado definitiva­mente que você é um artista popular, que conseguiu sobreviver 50 anos da música e continua a ser querido, respeitado’. O artista pensa: ‘Será que é tudo isso mesmo?’. Sem falsa modéstia. Aí embarquei na dele. Ele disse: ‘Meu pai, tem que ser um show que reúna todos os seus momentos: o que você gostava, o que você começou cantando, o que está cantando hoje, o que pretende cantar amanhã’. Cantar em italiano – comecei a carreira cantando em italiano –, em espanhol, fazer uma salada mista maravilhos­a. Comecei, então, a pensar num repertório.”

Para a ocasião, Magal quis estar cercado de convidados. E chamou artistas de diversos universos musicais: Ney Matogrosso,

Alexandre Pires, Rogério Flausino (do Jota Quest), Milton Guedes, o rapper Rincon Sapiência e Ana Carolina. “A primeira pessoa que pensei de cara foi o Ney, por motivos óbvios: somos da mesma época de início de carreira, e nós dois sempre apresentam­os caracterís­ticas fortes, que chamaram muito a atenção das pessoas”, conta Magal, que propôs a Ney que eles cantassem juntos Bandido Corazón.

Com Ana Carolina, Magal fará dueto em italiano de Quem de Nós Dois, sucesso da cantora. “Um dia, a Ana Carolina falou no camarim para mim: ‘Magal, te imitei demais quando eu era criança, eu subia nas mesas, cantava, fazia seus jeitos’. Me senti envaidecid­íssimo, porque adoro a voz dela.” E, após topar o convite de Magal, Flausino sugeriu a ele que os dois cantassem uma canção de Rita Lee. “Escolhemos Caso Sério, tem que ter latinidade na música. Eu nunca tinha cantado essa música nem com Flausino.”

O show em São Paulo dará início à turnê, e também a outros projetos comemorati­vos, incluindo biografia e filme. De autoria de Bruna Ramos da Fonte, o livro Sidney Magal – Muito Mais Que Um Amante Latino não traz a linguagem

Pedi para Vinicius (de Moraes) uma música. Ele me disse: ‘Se eu tivesse seu tipo físico, não ia sentar no banquinho para cantar bossa nova. Vai em frente com música popular’” Magal, SOBRE A DICA PRECIOSA QUE RECEBEU DO ILUSTRE PRIMO

tradiciona­l de biografia, privilegia­ndo relatos de Magal em primeira pessoa. “A Bruna me convidou cinco anos atrás para fazer esse livro. Eu disse: ‘Será?’. Eu achava um pouco pretensios­o um artista popular assim querer um livro contando a sua história. Ela me convenceu. Vi que tinha muito material, muitas anotações, o que sofri, início de carreira, os vexames que dei.”

Alguma coisa que ele conta pela primeira vez no livro e que pode revelar antes? “Coisas bobas, como, por exemplo, com relação à minha idade. Era exigência da época: sempre tinha de dizer que era mais novo e, então, fui fazendo umas mentirinha­s de leve com relação a isso”, diz. “Conto coisas da minha vida pessoal, como uma namorada que morreu de uma forma muito trágica.”

Há também um filme, que vai começar a ser rodado entre outubro e novembro. “Vai ser a minha história de amor com minha mulher”, conta. Os atores que viverão o casal jovem ainda não foram escolhidos. “Foi amor à primeira vista de verdade.” Na época, o cantor estava no auge e Magali tinha 17 anos. Eles passaram alguns meses namorando a distância – ela na Bahia e ele no Rio – e logo tiveram permissão dos pais dela para que se casassem. “Eu me emociono até hoje (com essa história), porque é muito forte. O amor que eu sinto não tem explicação.” O longa deve estrear em 2018, encerrando as comemoraçõ­es dos 50 anos de carreira de Magal.

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LEO SOUZA/ESTADÃO Sangue latino. O cantor lembra, emocionado, de quando conheceu a mulher, Magali

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