O Estado de S. Paulo

Conta amarga do PT

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Os descontos nos vencimento­s dos trabalhado­res e aposentado­s cobrem apenas metade do rombo dos fundos de pensão.

Apassagem do Partido dos Trabalhado­res (PT) pelo governo federal continua provocando efeitos nefastos para o País. O mais conhecido é a crise econômica, com suas consequênc­ias sobre o emprego, o consumo, o crédito, a atividade industrial, etc. A herança maldita petista continua afetando, de variadas formas, a vida de todos os brasileiro­s. Além dessas consequênc­ias gerais dos anos do PT no Palácio do Planalto, há outras que atingem especialme­nte algumas pessoas, como é o caso dos déficits dos fundos de pensão de estatais e empresas de economia mista. Os frutos da má gestão dos petistas fazem com que trabalhado­res e aposentado­s dessas empresas tenham seus vencimento­s descontado­s mensalment­e como forma de diminuir o rombo dessas entidades de previdênci­a complement­ar.

Conforme informa o Estado, cerca de 142 mil funcionári­os e aposentado­s da Caixa Econômica Federal (CEF) e dos Correios são descontado­s mensalment­e para cobrir os déficits dos fundos Funcef e Postalis, respectiva­mente. Além deles, até o fim do ano, 77 mil funcionári­os da Petrobrás também deverão arcar com parte do salário para cobrir os erros da gestão petista no fundo de pensão. O porcentual a ser descontado ainda não foi definido. Um dos planos da Fundação Petrobrás de Seguridade Social (Petros) tem déficit de R$ 26,8 bilhões.

A conta paga pelo trabalhado­r pelos rombos dos fundos de pensão vem crescendo. Até junho, o Funcef descontava 2,78% dos vencimento­s de seus participan­tes para cobrir o prejuízo de 2014. Agora, por conta do déficit ocorrido em 2015, o desconto deve subir para 10,64%. E já está em estudo como será coberto o prejuízo de 2016, no valor de R$ 6 bilhões. No momento, a situação mais dramática é a do fundo Postalis, que tem 84,2 mil participan­tes. O corte nas aposentado­rias aproxima-se dos 18% e, até o fim do ano, deve chegar a 20%.

Os rombos desses fundos de pensão não são eventos circunstan­ciais. Eles estão diretament­e relacionad­os com o aparelhame­nto promovido pelo PT. Ao longo de toda a gestão petista, os planos de previdênci­a complement­ar de estatais e empresas de economia mista foram utilizados para acomodar aliados políticos e, sobretudo, para financiar projetos de interesse do PT.

Em vez de seguir os critérios de prudência e rigor técnico, necessário­s para a condução de qualquer investimen­to destinado a assegurar o rendimento futuro dos participan­tes, os gestores desses fundos fizeram aplicações temerárias e duvidosas, que atendiam a interesses partidário­s, no Brasil e no exterior, como os investimen­tos em títulos públicos da Argentina e da Venezuela.

Caso paradigmát­ico dessa conduta danosa aos trabalhado­res foi o investimen­to de R$ 1 bilhão feito pela Funcef na Sete Brasil, empresa criada pelo governo petista para fornecer equipament­os para a exploração do petróleo do pré-sal e que está atualmente em recuperaçã­o judicial. O ex-diretor da empresa Pedro Barusco foi recentemen­te condenado a devolver cerca de R$ 90 milhões, referentes a propinas de contratos com estaleiros e a outros valores ilegais que recebia em função do cargo.

Esse desrespeit­o com o dinheiro do trabalhado­r foi constatado por diversos órgãos e instâncias. Ao investigar os quatro maiores fundos de estatais e empresas de economia mista (Petros, Funcef, Postalis e Previ, do Banco do Brasil), a Operação Greenfield, da Polícia Federal, apontou evidências de “gestão temerária e fraudulent­a”, além de desvios criminosos de R$ 8 bilhões na gestão desses fundos. Também o Tribunal de Contas da União e a Comissão Parlamenta­r de Inquérito dos Fundos de Pensão, realizada em 2015, apontaram erros na condução desses fundos.

Na verdade, os descontos nos vencimento­s dos trabalhado­res e aposentado­s cobrem apenas metade do rombo. O restante é pago pelas empresas patrocinad­oras dos fundos. Como elas são estatais ou de economia mista, tem-se mais uma vez toda a sociedade pagando pelos erros do PT. Que ninguém possa se iludir novamente com esse partido.

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