Sexteto trapalhão
Com Didi, Dedé e novos atores, programa ganha remake.
Renato Aragão e Dedé Santana dão um longo e caloroso abraço no set de gravação do Projac, na zona oeste do Rio de Janeiro. Enquanto um cochicha no ouvido do outro, um turbilhão de boas recordações são revividas. Didi, Dedé, Mussum e Zacarias, os eternos Trapalhões, marcaram para sempre a história da televisão brasileira. O humor escrachado do quarteto, que começou a gravar seu nome na TV Record, depois na extinta Tupi e por último na Globo, em 1977, caiu como uma luva para a época. As piadas politicamente incorretas do grupo, somadas aos quadros cômicos e nunca vistos anteriormente nas telinhas, deram aos Trapalhões o título de mestres da irreverência. “A gente sabe do peso que é participar de um projeto deste quilate. Ninguém quer que os garotos façam exatamente o que fizemos”, lembra Renato Aragão.
Os Trapalhões, que completa 40 anos em 2017, volta às telinhas no canal Viva nesta segunda-feira, 17, às 20h30, com quatro novos integrantes: Didico (Lucas Veloso), Dedeco (Bruno Gissoni), Mussa (Mumuzinho) e Zaca (Gui Santana). Renato Aragão e Dedé Santana, do elenco original, também retornam à trama “como mestres dos novatos”. “Nos preocupamos em manter o legado do programa, um formato para a família toda. A gente não ficou com medo de fazer um humor politicamente incorreto, mas sabemos que os tempos mudaram em relação àquela época”, afirmou o diretor-geral do humorístico, Fred Mayrink, na coletiva de imprensa que apresentou oficialmente o elenco no Rio de Janeiro.
Um dos destaques do novo Os Trapalhões é o ator Gui Santana, que interpreta Zaca, o novo Zacarias. Com trejeitos que lembram bastante o personagem original, vivido pelo ator Mauro Faccio Gonçalves (1934-1990), Gui se destaca pela espontaneidade em frente às câmeras. “O Zacarias é o mais caricato de todos os trapalhões. Foi uma responsabilidade muito grande interpretá-lo nas telinhas. O Zacarias é, na verdade, uma criança. Ele faz humor sem ofender ninguém. O que precisa ficar claro é que eu não sou o Zacarias. Assim como o Mumuzinho não é o Mussum”, conta Gui.
Mumuzinho, outro destaque do remake, também recebeu elogios dos veteranos Didi e Dedé. “Quem mais se destacou, para mim, foi o Mussa. O Mussum tem um jeito único, difícil de reviver. O Mumuzinho veio do samba, da música. Nunca tinha trabalhado como ator antes. Ele me surpreendeu”, afirmou Renato Aragão. “Quando recebi o convite, dormia assistindo aos episódios de todos os dias. Eu tive contato com a família do Mussum. Estudei todos os trejeitos dele. O Dedé me contou que nas gravações o Mussum, dificilmente, usava texto. Ele tinha aquele jeito espontâneo e engraçado”, diz Mumuzinho, que se emocionou ao lembrar do convite recebido.
Durante a coletiva de imprensa realizada no Projac, na semana passada, foram exibidos trechos de alguns capítulos da trama, assim como a vinheta de apresentação da série. “Eu fiquei muito preocupado com a rejeição dos meninos. Didico, Dedeco, Zaca e Mussa não são Didi, Dedé, Zacarias e Mussum. Temos aqui personagens diferentes e que estão treinando para serem trapalhões. Sei que as comparações são inevitáveis, mas o público não deve fazer isso”, lembrou Renato Aragão.
O ator Lucas Veloso (Didico), filho do comediante Shaolin, que morreu no começo do ano passado, relembrou a importância de Os Trapalhões para a TV brasileira. “Eles me ensinaram a ser criança novamente. Tive de amadurecer muito rápido. Perdi meu pai em 2016 e desde então a coisa ficou mais seria para mim. O Didi (Renato Aragão) representa aquela criança que ninguém nunca quer deixar de ser. Obrigado por mais essa lição recebida, Renato”, declarou Lucas.
Nova roupagem. O novo Os Trapalhões trará de volta alguns esquetes clássicos do programa humorístico. Todos os quadros, entretanto, ganharão uma nova roupagem.
Os musicais, que marcaram época no começo da década de 1980, serão adaptados para os dias atuais. A cada episódio, portanto, um número diferente. Nele, os personagens vão apresentar paródias de sucesso e da atualidade. O esquete Papai Eu Quero Me Casar, com Didi e Zacarias, terá uma versão de luxo. “Até o juiz Sérgio Moro vai entrar na dança”, conta o ator Gui Santana, o Zaca. O quartel-general aparecerá novamente, desta vez, porém, com Ermani Morais no papel de Sargento Pincel. O debochado Tião Macalé (Augusto Temístocles) também ganhará uma nova versão. Nego do Borel dará vida a Tião do Borel.
Outro quadro importante que estará de volta será a reunião de super-heróis. No primeiro episódio, a atriz Letícia Lima interpreta a heroína Mulher Silicone, mãe de Super Super, interpretado por Renato Aragão. Durante toda a temporada, o programa contará com a presença de convidados especiais. A primeira parte da série terá ao todo 9 episódios. Além de ser exibido no Viva, Os Trapalhões estreia em setembro nas tardes da Globo. O horário na TV aberta não foi confirmado pela emissora.