País cria 67 mil vagas de trabalho no 1º semestre
Esse é o melhor resultado para o período desde 2014; em junho, foram abertos 9,8 mil empregos formais, terceira alta consecutiva
Dados do Ministério do Trabalho mostram que, impulsionado pelo setor agropecuário, o País fechou o primeiro semestre com geração de 67,4 mil postos de trabalho com carteira assinada. Foi o melhor resultado desde a primeira metade de 2014.
Impulsionado pelo setor agropecuário, o País fechou o primeiro semestre do ano com geração de 67,4 mil postos de trabalho com carteira assinada, informou ontem o Ministério do Trabalho. Foi o melhor resultado desde a primeira metade de 2014. Em junho, foram criadas 9,8 mil vagas formais, o que representou o terceiro resultado mensal positivo consecutivo. Os dados fazem parte do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Apesar do desempenho, a economia brasileira ainda está longe de se recuperar do forte fechamento de vagas verificado nos anos de 2015 e 2016, em função da crise econômica. Juntos, esses dois anos foram responsáveis pelo desaparecimento de 877,2 mil vagas formais. “É difícil saber quando vamos recuperar as vagas que perdemos, teremos de pensar em alguns anos. Estamos melhores do que no ano passado, mas longe de estarmos bem no que se refere ao mercado de trabalho”, afirmou o economista Thiago Xavier, da Tendências Consultoria Integrada.
Os dados de ontem do Caged mostram que, nos últimos meses, a geração de vagas foi superior ao fechamento de postos. Em junho, ocorreu 1,18 milhão de admissões, ante 1,17 milhão de desligamentos. O saldo de 9,8 mil postos, no entanto, foi bem inferior à abertura de 21,2 mil vagas projetadas pelos economistas do mercado financeiro. Além disso, o desempenho se deve quase que exclusivamente ao setor agropecuário.
No mês passado, esse setor abriu 36,8 mil postos. Por outro lado, áreas importantes da economia, como a da indústria de transformação (-7.887 vagas) e a de construção civil (-8.963 vagas), apresentaram fechamento de vagas formais em junho.
“Os setores que ficaram negativos no Caged foram influenciados por fatores regionais. A indústria foi mais negativa no Sul e no Sudeste”, exemplificou o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, durante a apresentação dos números. “Mas não há anomalia geral em setores que apresentaram números negativos”, acrescentou.
São justamente setores como a indústria de transformação e a construção civil que têm demonstrado dificuldades para superar a crise e voltar a contribuir para a geração de vagas.
Ao mesmo tempo, o bom desempenho da agropecuária tende a diminuir daqui para frente. De acordo com o coordenadorgeral de Estatísticas do Ministério do Trabalho, Mario Magalhães, no primeiro semestre há picos de geração de vagas no campo em abril e maio, sendo que os reflexos são sentidos em junho e julho. A partir do segundo semestre, o ímpeto diminui. O ciclo agrícola do Nordeste, baseado na cana-de-açúcar e na produção de frutas, ainda permite a geração de postos com carteira, mas os números tendem a ser menores que os vistos no primeiro semestre. Ainda assim, Nogueira espera que o ano termine com saldo positivo de vagas formais.
Reforma. O ministro do Trabalho evitou, durante a coletiva, citar estimativas para a geração de vagas no acumulado de 2017. No entanto, afirmou que a reforma trabalhista, sancionada na semana passada pelo presidente Michel Temer, tem potencial para criar 2 milhões de postos em um intervalo de dois anos. O salto se daria em modalidades específicas de trabalho previstas na reforma: jornada parcial (que passa de 25 horas semanais para 30 horas semanais), trabalho intermitente (o empregado é convocado pelo patrão e o contrato é por hora, sem quantidade mínima) e possibilidade de ser remunerado por produtividade.