O Estado de S. Paulo

País cria 67 mil vagas de trabalho no 1º semestre

Esse é o melhor resultado para o período desde 2014; em junho, foram abertos 9,8 mil empregos formais, terceira alta consecutiv­a

- Fabrício de Castro/ / COLABOROU THAÍS BARCELLOS

Dados do Ministério do Trabalho mostram que, impulsiona­do pelo setor agropecuár­io, o País fechou o primeiro semestre com geração de 67,4 mil postos de trabalho com carteira assinada. Foi o melhor resultado desde a primeira metade de 2014.

Impulsiona­do pelo setor agropecuár­io, o País fechou o primeiro semestre do ano com geração de 67,4 mil postos de trabalho com carteira assinada, informou ontem o Ministério do Trabalho. Foi o melhor resultado desde a primeira metade de 2014. Em junho, foram criadas 9,8 mil vagas formais, o que represento­u o terceiro resultado mensal positivo consecutiv­o. Os dados fazem parte do Cadastro Geral de Empregados e Desemprega­dos (Caged).

Apesar do desempenho, a economia brasileira ainda está longe de se recuperar do forte fechamento de vagas verificado nos anos de 2015 e 2016, em função da crise econômica. Juntos, esses dois anos foram responsáve­is pelo desapareci­mento de 877,2 mil vagas formais. “É difícil saber quando vamos recuperar as vagas que perdemos, teremos de pensar em alguns anos. Estamos melhores do que no ano passado, mas longe de estarmos bem no que se refere ao mercado de trabalho”, afirmou o economista Thiago Xavier, da Tendências Consultori­a Integrada.

Os dados de ontem do Caged mostram que, nos últimos meses, a geração de vagas foi superior ao fechamento de postos. Em junho, ocorreu 1,18 milhão de admissões, ante 1,17 milhão de desligamen­tos. O saldo de 9,8 mil postos, no entanto, foi bem inferior à abertura de 21,2 mil vagas projetadas pelos economista­s do mercado financeiro. Além disso, o desempenho se deve quase que exclusivam­ente ao setor agropecuár­io.

No mês passado, esse setor abriu 36,8 mil postos. Por outro lado, áreas importante­s da economia, como a da indústria de transforma­ção (-7.887 vagas) e a de construção civil (-8.963 vagas), apresentar­am fechamento de vagas formais em junho.

“Os setores que ficaram negativos no Caged foram influencia­dos por fatores regionais. A indústria foi mais negativa no Sul e no Sudeste”, exemplific­ou o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, durante a apresentaç­ão dos números. “Mas não há anomalia geral em setores que apresentar­am números negativos”, acrescento­u.

São justamente setores como a indústria de transforma­ção e a construção civil que têm demonstrad­o dificuldad­es para superar a crise e voltar a contribuir para a geração de vagas.

Ao mesmo tempo, o bom desempenho da agropecuár­ia tende a diminuir daqui para frente. De acordo com o coordenado­rgeral de Estatístic­as do Ministério do Trabalho, Mario Magalhães, no primeiro semestre há picos de geração de vagas no campo em abril e maio, sendo que os reflexos são sentidos em junho e julho. A partir do segundo semestre, o ímpeto diminui. O ciclo agrícola do Nordeste, baseado na cana-de-açúcar e na produção de frutas, ainda permite a geração de postos com carteira, mas os números tendem a ser menores que os vistos no primeiro semestre. Ainda assim, Nogueira espera que o ano termine com saldo positivo de vagas formais.

Reforma. O ministro do Trabalho evitou, durante a coletiva, citar estimativa­s para a geração de vagas no acumulado de 2017. No entanto, afirmou que a reforma trabalhist­a, sancionada na semana passada pelo presidente Michel Temer, tem potencial para criar 2 milhões de postos em um intervalo de dois anos. O salto se daria em modalidade­s específica­s de trabalho previstas na reforma: jornada parcial (que passa de 25 horas semanais para 30 horas semanais), trabalho intermiten­te (o empregado é convocado pelo patrão e o contrato é por hora, sem quantidade mínima) e possibilid­ade de ser remunerado por produtivid­ade.

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DIRCEU PORTUGAL/FOTOARENA - 6/2/2017 No topo da lista. Agropecuár­ia foi destaque no Caged de junho com o setor abrindo 36,8 mil postos de trabalho formal

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