UTC pede recuperação após acordo de leniência
Reestruturação. Valor dos débitos da recuperação judicial inclui os R$ 574 milhões do acordo que a empresa fechou na semana passada; companhia envolvida na Lava Jato demitiu 4 mil funcionários depois de não conseguir renovar contratos com a Petrobrás
Com uma dívida de R$ 3,4 bilhões, a UTC Participações – um dos grupos de infraestrutura que esteve na disputa por grandes projetos de concessão no País nos últimos anos – entrou ontem com pedido de recuperação judicial para suas 14 empresas. O grupo, investigado na Lava Jato, protocolou o pedido de recuperação uma semana após fechar acordo de leniência e se comprometer a pagar multa de R$ 574 milhões. A UTC é a sexta companhia de infraestrutura do País envolvida na Lava Jato a recorrer à medida.
Dos débitos da UTC, cerca de 50% correspondem a debêntures (títulos de dívida) detidas por bancos, apurou o Estado. O Bradesco é o maior credor, com 15% da dívida total, seguido por Santander, Banco do Brasil e Itaú. Apesar de as dívidas com os bancos não estarem atrasadas, a UTC tem débitos vencidos com fornecedores. Ainda na dívida do grupo, foram contabilizados os R$ 574 milhões referentes ao acordo de leniência. Esse valor, porém, não será reestruturado porque já foi acertado que a UTC terá 22 anos para pagá-lo.
O dono da empreiteira, Ricardo Pessoa, que chegou a ser preso entre 2014 e 2015, foi condenado em junho pelos crimes de corrupção ativa e participação em organização criminosa por ter pago propina no esquema da Petrobrás. Até fechar o acordo de leniência, a empresa estava proibida de participar de novas concorrências públicas.
Após período de forte crescimento, que incluiu fechamento de contratos com a Petrobrás e a participação em leilões de concessões no governo petista, os problemas da UTC começaram a se avolumar com a deflagração da Operação Lava Jato, em 2014. As investigações de corrupção em contratos da estatal coincidiram com a espiral negativa da economia, fazendo o negócio encolher – a empresa, que chegou a ter 35 mil empregados,
Ativos.
hoje tem apenas 200.
Diante das dificuldades, a UTC iniciou a reestruturação de suas atividades em 2015, sob a batuta de Ricardo Knoepfelmacher, conhecido como Ricardo K, que já comandou reestruturações de empresas como a construtora PDG e o grupo X, de Eike Batista. A RK Partners fez um acordo para renegociar as dívidas com os bancos credores. A empresa, porém, não deu conta de fazer os pagamentos.
A UTC já tentou vender ativos e, dois anos atrás, teria chegado a negociar sua fatia de 23% no Aeroporto de Viracopos, em Campinas, por cerca de R$ 500 milhões. Hoje, segundo fontes de mercado, a venda do terminal seria mais complicada devido ao fraco movimento de passageiros no local.
Outro ativo que poderia ser colocado à venda é a fatia de 13% no consórcio responsável pela Linha 6–Laranja do Metrô de
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