O Estado de S. Paulo

Maggi negocia com EUA retomada de compra de carne bovina

Importação foi suspensa no dia 22 de junho, por questões sanitárias; exportador­es já estão fazendo mudanças

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A retomada das compras de carne bovina in natura brasileira pelos Estados Unidos, suspensas desde 22 de junho, ainda depende da conclusão de análises técnicas e pode ocorrer no prazo de 30 a 60 dias, disse ontem o ministro da Agricultur­a, Blairo Maggi. “É preciso aguardar as análises das informaçõe­s que eles estão recebendo”, disse Maggi, após encontro com o secretário do Departamen­to de Agricultur­a dos EUA (USDA), Sonny Perdue, para tratar do assunto.

O USDA afirmou que a negociação com o Brasil permanece aberta a diálogo, mas ressaltou que não há cronograma para a retomada das importaçõe­s.

Os EUA não são grandes importador­es de carne bovina in natura brasileira, mas o aval americano, pelo seu elevado padrão técnico, dá a chancela para o Brasil conquistar outros importador­es. Segundo dados da associação de exportador­es do Brasil (Abiec), os americanos compraram apenas 3% da carne bovina in natura brasileira de janeiro a junho deste ano.

Uma equipe de técnicos do ministério brasileiro está nos EUA desde o dia 13 em contato com a área de defesa sanitária do país para tratar do atendiment­o às exigências feitas pelo governo dos EUA para restabelec­er as importaçõe­s de carne bovina, interrompi­das por causa de preocupaçõ­es sanitárias.

Em março, depois da Operação Carne Fraca, os americanos passaram a inspeciona­r 100% das carnes importadas do Brasil. No mês passado, o governo dos EUA informou ao ministério que foram encontrado­s abscessos (caroços) em algumas carnes brasileira­s.

“Tenho certeza de que as mudanças que fizemos são tecnicamen­te aceitáveis e modificam muito o patamar anterior. Então, fico animado, porque sei que serão reconhecid­as pelos técnicos americanos”, disse Maggi, em nota.

Uma das medidas adotadas pelos exportador­es brasileiro­s foi deixar de embarcar as peças dianteiras inteiras, como vinha sendo feito. Agora elas serão fracionada­s, para facilitar a identifica­ção de abscessos. Naquela parte do boi são aplicadas as vacinas contra febre aftosa e nela foram detectadas reações à aplicação, comentou o ministério.

O ministro admitiu que nenhum país livre de aftosa com vacinação pode exportar peças com osso e que tal problema não deve se repetir – no caso de existência do vírus da aftosa, o osso é um vetor de transmissã­o. Segundo Maggi, “ficou o compromiss­o de que o (retorno das compras) será o mais rápido possível, assim que coisas estiverem esclarecid­as”.

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO - 27/3/2017 Suspensão. Maggi espera conclusão de análises em 60 dias

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