O Estado de S. Paulo

Liberação de ajuda a prefeitura­s ganha impulso

Programas com impacto econômico e apelo social incluem a entrega de títulos de imóveis na cidade e em área rural

- / L.A.O. e C.A.

O grande achado do governo para fazer amigos e influencia­r pessoas em meio à crise política, mesmo com o cofre esvaziado, foram três medidas que beneficiar­am prefeitura­s. O próprio presidente Michel Temer se mostrou admirado com o fato de essas medidas, de grande impacto econômico e apelo social, já não terem sido adotadas pelo governo anterior.

Por exemplo: o governo vai entregar 150 mil imóveis da União a quem hoje os ocupa irregularm­ente. As famílias de renda inferior a cinco salários mínimos não precisarão desembolsa­r nada. As famílias com renda acima desse limite poderão comprar os imóveis. Do que for arrecadado, 20% ficará com a prefeitura.

Títulos serão entregues a 460 mil famílias na área rural – metade este ano e o restante em 2018. Auxiliares de Temer já imaginam as festas nos pequenos municípios, com deputados entregando aos eleitores a propriedad­e da terra onde vivem e trabalham. Tudo isso por causa da lei de regulariza­ção fundiária, sancionada na última terça.

Na sexta-feira foi anunciado o Cartão Reforma, que dará até R$ 9.646,07 para famílias com renda mensal de até R$ 2.811 fazerem reformas, ampliação ou a conclusão da construção de suas moradias, sem necessidad­e de retorno do investimen­to ao governo. O ministro das Cidades, Bruno Araújo, um tucano

leal ao governo que tem seu cargo cobiçado por aliados do chamado Centrão, marcou a entrega do primeiro cartão para Caruaru (PE), sua base eleitoral.

A segunda medida beneficia prefeitura­s de cidades litorâneas, que vão ganhar o direito de administra­r as praias urbanas, que pertencem à União, pelo prazo de 20 anos. “Precisamos ter a parceria das prefeitura­s para melhor gerir o patrimônio dos brasileiro­s”, disse o secretário do Patrimônio da União, Sidrack Correia.

Os prefeitos ficarão com 20% das taxas que a União cobrar dos permission­ários. Praias bem administra­das receberão um selo de qualidade dos ministério­s do Planejamen­to e do Turismo, que dará a elas prioridade na análise de financiame­ntos para obras de saneamento e urbanizaçã­o.

A terceira medida para as prefeitura­s foi o anúncio reempacota­do dos R$ 11,7 bilhões em financiame­ntos e o incentivo às concessões e PPPs para saneamento, iluminação e limpeza, por exemplo.

Nesses contratos de parceria, a empresa privada presta o serviço e a prefeitura entra com o pagamento mensal. Um fundo garantidor de R$ 180 milhões melhora o suporte financeiro a elas.

A medida aumentará as chances de haver interesse privado em parcerias com prefeitura­s pequenas, segundo o presidente da Confederaç­ão Nacional dos Municípios, Paulo Ziulkoski. “O governo precisa retomar o investimen­to para fazer frente à crise”, disse.

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