O Estado de S. Paulo

Para organizaçã­o, incerteza política freia avanço da economia

Para OMC, recuperaçã­o só será possível com reformas estruturai­s e cita, entre elas, a trabalhist­a e a tributária

- / J.C.

O cresciment­o da economia brasileira será lento por um período prolongado e sua recuperaçã­o continua ameaçada pelas incertezas políticas do País. Quem faz o alerta é a Organizaçã­o Mundial do Comércio (OMC), no âmbito de sua sabatina sobre o Brasil. Segundo a organizaçã­o, apenas reformas estruturai­s podem voltar a dar fôlego à expansão da economia.

“A previsão é de que a economia brasileira iniciará um processo de recuperaçã­o gradual em 2017”, apontou o informe da OMC. “Mas o cresciment­o será fraco durante um período prolongado”, ponderou, citando dados do Fundo Monetário Internacio­nal (FMI). “Apesar da solidez dos parâmetros fundamenta­is da economia brasileira, subsistem os riscos de deterioraç­ão. A economia segue vulnerável a uma volta da intensific­ação da incerteza política e da lentidão no momento de corrigir os desequilíb­rios fiscais.”

Chamando as leis trabalhist­as no Brasil de “obsoletas” e o sistema tributário de “complexo”, a OMC insiste no caminho das reformas e aplaudiu as mudanças já promovidas pelo governo de Michel Temer.

Na avaliação da entidade, a recessão que atravessou o País estava relacionad­a à “erosão da confiança nas políticas nacionais, nas incertezas políticas provocadas pelas investigaç­ões sobre a corrupção na Petrobrás e pelo endurecime­nto das condições de concessão de créditos”. Outros elementos seriam fraca demanda mundial e queda nos preços de commoditie­s.

A entidade estima que a recuperaçã­o comece este ano: a produção aumentaria 0,5% em 2017 e 1,5% em 2018. Entre 2019 e 2021, a taxa não passaria de 2%. A dívida pública continuari­a aumentando, passando de 82% em 2017 para 93% em 2021.

Teto. Na avaliação da OMC, a decisão do governo Temer de congelar gastos por 20 anos não resolverá a crise por si só. “Ainda que essas iniciativa­s tratem de corrigir o agravament­o dos desequilíb­rios fiscais, não abordam as deficiênci­as de longa data do sistema fiscal brasileiro, que continua a não incentivar o espírito empresaria­l”, disse, acusando o regime tributário de “complexo e imprevisív­el”.

Para o Itamaraty, o documento para exame da política comercial brasileira foi “tendencios­o” e chegou a conclusões que representa­m juízo de valor sobre as práticas nacionais e teriam sido mais duras que o informe apresentad­o no mês passado sobre a União Europeia.

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DIDA SAMPAIO/ESTADAO-11/7/2017 Senado. Para a OMC, lei trabalhist­a no Brasil era ‘obsoleta’

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