O Estado de S. Paulo

‘GUERRA VIRTUAL’ PARA TREINAR EXECUTIVOS

Israelense CyberGym cobra até US$ 300 mil para preparar funcionári­os contra ciberataqu­es

- Bruno Capelas

Em uma antiga fazenda de laranjas em Hadera, cidade do norte de Israel a cerca de 50 quilômetro­s de Tel Aviv, a startup israelense de cibersegur­ança CyberGym promove treinament­os para empresas, governos e bancos. Nesse ambiente rural, a companhia simula uma “guerra virtual” em tempo real, com diversos tipos de ataques e invasões digitais. O objetivo é ver como os executivos dos clientes reagem a situações de alto estresse.

Hoje, cerca de 40 pessoas trabalham na “fazenda”, mas a CyberGym já alça voos além das fronteiras israelense­s, com instalaçõe­s próprias na República Tcheca, na Austrália e na Lituânia. Em Portugal, presta serviço dentro de uma companhia. E há mais por vir: em 2018, a empresa planeja começar a oferecer treinament­os no Brasil.

“Um boxeador faz inúmeros treinos antes de ir para a arena. As empresas precisam fazer o mesmo com a cibersegur­ança”, diz Ofir Hason, presidente executivo da CyberGym. Neste caso, trata-se de um serviço intenso e que não sai barato: uma semana de atividades na fazenda de Hadera custa entre US$ 100 mil e US$ 300 mil, segundo apurou o Estado.

Como funciona. Antes da simulação começar, cada empresa fornece à CyberGym um esquema básico de seus sistemas de segurança. A startup recria as plataforma­s do clientes, como banco de dados e centros de controle, mas também operações físicas, como caixas eletrônico­s e plataforma­s de petróleo.

Na fazenda em Hadera, três antigas casas de trabalhado­res rurais abrigam as diferentes equipes que participam das simulações. Na “casa vermelha”, um time de hackers da CyberGym tenta invadir os sistemas da instituiçã­o que está sendo treinada.

Na casa azul, fica o time em treinament­o, que pode ser composto por executivos de alto escalão ou funcionári­os da área de segurança. “É necessário preparar os executivos para tomar decisões em momentos difíceis”,

diz o presidente da CyberGym.

Ali, a equipe precisa decidir qual ferramenta de segurança deve ser ativada ou se é necessário, por exemplo, avisar autoridade­s regulatóri­as e a imprensa sobre o ataque. Saber o que fazer na “hora H” é importante, segundo Hason, pois uma pesquisa da PwC mostra que 95% dos ataques virtuais começam a partir de erros humanos – que, no fim das contas, poderiam ser evitados com treinament­os.

Em uma terceira casa, um time de analistas da CyberGym presta atenção a cada movimento das duas equipes. Ao fim do treinament­o, um relatório é preparado pela startup israelense com as fraquezas demonstrad­as durante o teste.

Prejuízos. A cibersegur­ança é uma preocupaçã­o crescente no mundo dos negócios: segundo a consultori­a Gartner, o gasto global com proteção a ataques virtuais em 2017 deve ser de US$ 90 bilhões – daqui a três anos, esse número deve saltar para US$ 113 bilhões.

Segundo as consultori­as CGI e Oxford Economics, ataques e invasões digitais fizeram empresas com ações negociadas em Bolsa perderem US$ 52,4 bilhões em valor de mercado entre 2013 e 2016.

Um exemplo concreto é o da divisão de negócios de internet do Yahoo: após a descoberta de dois vazamentos de dados, a empresa teve de aceitar uma oferta de US$ 350 milhões da operadora Verizon, que já negociava sua aquisição.

O REPÓRTER VIAJOU A CONVITE DO MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES DE ISRAEL

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BRUNO CAPELAS/ESTADÃO Isolamento. Centro de treinament­o da CyberGym fica em antiga fazenda de laranjas em Hadera, a 50 km de Tel Aviv
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