O Estado de S. Paulo

DE ILHOTA A GASPAR

No roteiro de três dias, uma van acompanha os ciclistas durante todo o percurso. Cansou ou quer fugir da sequência de subidas? É só entrar e curtir o ar condiciona­do

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Foram 50 minutos de carro do centro de Blumenau, onde estávamos hospedados, até o ponto de encontro com o resto do grupo, em uma estrada de terra em Ilhota. Nossas bicicletas nos esperavam prontinhas: antes de viagem, Fernando havia perguntado a altura dos participan­tes para deixar os bancos pré-ajustados. Nenhum trabalho, a não ser encher as garrafinha­s d’água para o percurso.

Embora a previsão do tempo anunciasse chuva (no dia anterior, havia chovido muito e o céu continuava nublado), nenhuma gota caiu durante o trajeto. O clima estava agradável e percebi que tinha tomado uma boa decisão seguindo o conselho dos meus colegas mais experiente­s, que sugeriram bermuda em vez de legging. Fazia frio nas primeiras horas da manhã, mas na hora em que pegamos as bicicletas já começava a esquentar (fora o calor extra, causado pelo exercício).

O primeiro trecho foi mais de adaptação do que de belas paisagens. Era minha primeira vez em uma viagem de mountain bike, com longos trechos em estrada de terra – em minhas viagens, sempre procuro pedalar, mas em área urbana.

Dudu era o guia que ia à frente do grupo e Bruno, atrás. A van, pilotada pelo simpático Otacílio, estava sempre próxima, com galões de água e lanchinhos para aqueles momentos em que é preciso recuperar as energias.

Logo deu para perceber que aquele grupo, com pessoas entre 40 e 60 anos, tinha ótimo preparo físico. Fiquei para trás – Bruno ia pertinho. Mas não me senti pressionad­a: estava tranquila, pedalando no meu ritmo.

Dava para ouvir o Rio ItajaíAçu serpentean­do ao nosso lado, ou mesmo vê-lo em alguns trechos. Do lado oposto, casinhas típicas, de madeira, com jardim bem cuidado. Alguns moradores acenavam; outros olhavam desconfiad­os. A maioria sorria.

Ficar para trás implica não participar do bate-papo ciclístico, mas permite ouvir os sons ao redor. Pássaros, cães, uma música no rádio, a vida que segue, tranquila. Em meio a tudo isso, chegamos à parada para o lanche (ufa!), em frente à igreja de São Brás, ainda em Ilhota.

Castanhas, frutas (especialme­nte bananas, que ajudam a prevenir cãibras), barras de cereais, bate-papo e recuperaçã­o de fôlego incluídos, logo seguimos juntos, até cada um encontrar seu ritmo de pedalada novamente.

Para o alto, e avante

E assim continuamo­s até a hora do almoço, quando o terreno, até então majoritari­amente plano, começou a apresentar subidas mais exigentes. Até que comecei bem, consideran­do que não pedalava com afinco há vários meses. Mas quando senti os músculos queimarem, desci da bicicleta para empurrar. Dava para ver uma descida e uma subidinha que não parecia lá grande coisa. Mas a verdade é que a subidinha era uma subidona, e depois dela vinha outra. E outra.

Decidi não ir na van porque o local do almoço estava próximo, e tinha esperanças que daquele ponto para frente o terreno ficasse plano novamente. Mas quando cheguei ao local, vi que era só o começo de uma sequência de morros, que se estenderia­m por quase 10 quilômetro­s. Troquei a estrada pelo ar condiciona­do.

Depois, para fotografar, passei para o carro de apoio de Fernando, o que permitiu conhecer Ari Krauser, de 84 anos. Já estávamos em Gaspar, e fiquei encantada com sua casinha vermelha, bem cuidada, parecendo um cartão-postal. Puxei conversa: “Que linda sua casa”, disse. “Vamos entrar para tomar um café”, convidou ele.

Descendent­e de alemães, como boa parte dos moradores da região, ele contou que sempre viveu naquela casa, construída por seu pai quando ele tinha 6 anos. “Vivo aqui desde menino.” Depois da conversa, nos despedimos. Faltava pouco para chegarmos à DasBier, que fica ao lado de um pesqueiro – ambos propriedad­e da mesma família.

Hora de degustar

A cervejaria tem clima de barzinho descolado, com mesas do lado de fora e petiscos tradiciona­is, como a linguiça alemã. Esqueça aquela visita para conhecer a fábrica e um monte de nomes técnicos. A pedida é curtir o ambiente, relaxar.

Ao todo, são 12 tipos de chope e 10 cervejas. Se tiver na dúvida, peça a opção degustação, com oito copinhos (R$ 12). Fica o alerta: chope de vinho é um hit por lá, e ele também vem na degustação. A pilsen não agradou; fez mais sucesso a weizen e a pale ale (R$ 8; 330 ml). Site: dasbier.com.br.

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