O Estado de S. Paulo

Empresa intermediá­ria reduz custo com planos

Serviço busca otimizar o atendiment­o; economia chega a 27% evitando idas desnecessá­rias ao pronto-socorro

- ESPECIAL PARA O ESTADO Fernanda Bassette

Em um cenário em que os custos das empresas com a assistênci­a médica para os seus funcionári­os estão cada vez mais altos, uma opção tem chamado a atenção: a contrataçã­o de prestadora­s de serviços que funcionam como intermediá­rias entre o funcionári­o e a operadora do plano de saúde com o objetivo de otimizar o atendiment­o e reduzir os gastos. Há casos de diminuição de 27% com os custos totais em saúde no período de um ano, apenas evitando idas desnecessá­rias ao prontosoco­rro, por exemplo.

De olho nas empresas médias e grandes que oferecem assistênci­a média e chegam a gastar com os planos até 36% da folha de pagamento, segundo dados da consultori­a Aon, companhias multinacio­nais passaram a oferecer serviços distintos, mas com o mesmo objetivo: otimizar e reduzir os gastos em saúde.

Uma delas é a Advance Medical Group, que foi fundada na Espanha há 17 anos e chegou ao Brasil há dois anos e meio com foco em gestão populacion­al. Oferece duas soluções principais: orientação médica e segunda opinião (aconselham­ento médico). Atualmente a empresa cuida de 350 mil vidas.

Segundo Caio Seixas Soares, diretor executivo da Advance no Brasil, a empresa oferece ao cliente uma equipe de médicos da família e uma central de orientação que funciona 24 horas por dia por meio de um telefone 0800 exclusivo. Se o filho do cliente acorda no meio da noite, por exemplo, com febre alta, a primeira reação dos pais é leválo ao pronto-socorro. A proposta é que o funcionári­o ligue para o 0800 para avaliar se realmente é necessário o deslocamen­to.

“Ele será atendido por um médico da família, que fará perguntas sobre o estado da criança: se ela já foi medicada, que remédio recebeu, em que dose, se a febre é persistent­e. É uma espécie de triagem”, explica Soares. Com base nas informaçõe­s, o médico da família vai avaliar se a pessoa pode esperar até o dia seguinte e tentar uma consulta eletiva com o pediatra, por exemplo, ou se realmente é necessário ir até o PS.

“Existem estudos que mostram que 80% das idas ao pronto-socorro são desnecessá­rias. O que fazemos, então, é orientar e acolher essas pessoas para criar um atendiment­o integrado”, afirma Soares.

Outro serviço prestado pela Advance é o de segunda opinião médica, de forma independen­te do plano de saúde. Quando o funcionári­o recebe algum diagnóstic­o e gostaria de ouvir outro médico, em vez de procurar um profission­al do plano de saúde, ele liga no 0800 relatando o caso. Serão pedidos os exames clínicos e de

imagem e feitas as perguntas necessária­s, e essa documentaç­ão será encaminhad­a para uma junta médica formada por três especialis­tas da área, que, juntos, formarão uma segunda opinião à distância. O serviço é bastante usado em casos de alta complexida­de, como oncologia.

Entre os clientes da Advance estão a Renault do Brasil e o Hospital Sírio Libanês. Na Renault, um ano após a implementa­ção, houve redução de 52% nas idas ao pronto-socorro e de 37% em procedimen­tos cirúrgicos. O impacto financeiro foi de um retorno três vezes maior do que o investimen­to no programa. Já o Sírio-Libanês criou o Cuidando de Quem Cuida e os resultados foram tão satisfatór­ios que o hospital quer comerciali­zar o modelo.

Funcionári­a do hospital há 24 anos, a técnica de enfermagem do centro cirúrgico Maria Cristina Pereira de Toledo, de 56 anos, se beneficiou do 0800 em uma emergência médica, quando acordou com uma forte dor no joelho e mal conseguia caminhar. Ficou preocupada porque teria de trabalhar mais tarde e, no serviço, fica o tempo todo em pé e caminha muito.

Maria Cristina tentou uma consulta com o plano de saúde, mas não havia vaga imediatame­nte. Pensou em recorrer a algum pronto-socorro, mas ficou com medo de perder tempo com exames. Foi então que recorreu ao 0800. Ao conversar com o médico, ela conseguiu um encaixe para o mesmo dia com um ortopedist­a especialis­ta em joelho no próprio Sírio.

“Fiquei feliz da vida. Não tive de ir ao pronto-socorro à toa e fui atendida por um especialis­ta. Ele me afastou do serviço por uns dias pois eu precisava ser medicada e fazer repouso”, diz Maria Cristina.

Com a Advance, o Sírio conseguiu um direcionam­ento de 50% nas consultas eletivas, redução de 39% para 14% no volume total de consultas e queda de 41% no índice de exames per capita. Os custos totais com saúde diminuíram 27%.

Outras ações. Outra empresa que atua com o mesmo foco é Healthways, que trabalha na identifica­ção dos riscos e cria ações específica­s de acordo com a necessidad­e. São 70 mil vidas sob seus cuidados.

Segundo Nicolas Toth, presidente da empresa, primeiro é feito um mapeamento do perfil de saúde de cada funcionári­o e eles são separados em três grandes grupos: saudáveis, com fatores de risco e doentes crônicos.

Para os funcionári­os do segundo grupo, a Heatlhways prepara ações de prevenção e faz ligações mensais para cada funcionári­o, para estabelece­r vínculo e convencê-lo a mudar seus hábitos de vida. Já para os do terceiro grupo a empresa tenta reduzir fatores de risco e melhorar sua condição clínica, sempre com monitorame­nto.

“Mantivemos a satisfação e a excelência do cuidado, com redução de custos, de exames desnecessá­rios e do tempo de internação.” Gentil Jorge Alves Junior SUPERINTEN­DENTE DE SAÚDE CORPORATIV­A DO SÍRIO

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ALEX SILVA/ESTADÃO-7/8/2017 Dores. Maria Cristina utilizou o 0800 e conseguiu consulta

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