O Estado de S. Paulo

Temer e DEM tentam atrair Doria para a eleição

Partidos deixam as ‘portas abertas’ para o prefeito de SP; presidente fez o convite em nome do PMDB

- Pedro Venceslau Ricardo Galhardo Alberto Bombig / COLABOROU GILBERTO AMENDOLA

O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), tem pelo menos duas “portas abertas”, no PMDB e no DEM, para disputar a Presidênci­a da República fora da sigla tucana e longe de prévias com seu padrinho político, o governador Geraldo Alckmin (PSDB). O convite dos peemedebis­tas foi feito pelo presidente Michel Temer, na segunda-feira, em encontro em São Paulo. O DEM, por sua vez, propõe uma dobradinha com o prefeito de Salvador, ACM Neto, ou com o ministro da Educação, Mendonça Filho. Doria reforçaria o projeto do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de concorrer ao governo do Rio. Tanto o DEM quanto o Planalto negam os convites, feitos de maneira reservada para não melindrar Alckmin. Doria diz que não será candidato em 2018.

A disputa interna do PSDB pela vaga de candidato à Presidênci­a em 2018 chegou a partidos aliados dos tucanos. DEM e PMDB, que integram a núcleo duro de apoio ao governo Michel Temer, se aproximara­m do prefeito João Doria e sinalizara­m com a possibilid­ade de lançá-lo candidato ao Planalto. A abordagem peemedebis­ta foi feita pelo próprio presidente Michel Temer (PMDB). Ele disse ao prefeito que “as portas do PMDB estão abertas” para o tucano disputar a Presidênci­a da República no ano que vem.

O “convite” foi feito durante uma conversa entre eles na segunda-feira na Prefeitura, pouco antes de um evento no qual o presidente distribuiu publicamen­te afagos a Doria, segundo relatos de quem estava no local. Procurada, a assessoria do Planalto negou o convite.

O DEM também sondou Doria sobre a disputa presidenci­al tendo no horizonte uma dobradinha entre ele e um quadro do partido em 2018. No limite, o DEM também está de portas abertas a Doria caso ele não consiga se candidatar a presidente pelo PSDB em 2018. Os nomes citados para compor a chapa são o prefeito de Salvador, ACM Neto, e o ministro da Educação, Mendonça Filho.

Tucanos ligados ao prefeito avaliam que a chapa com um deles teria força no Nordeste. Em contrapart­ida, Doria apoiaria o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), na disputa pelo governo do Rio, e o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) para o governo de Goiás.

Questionad­o sobre a aproximaçã­o, o senador José Agripino (RN), presidente do DEM, também negou que o partido tenha convidado Doria. Assim como Temer, a cúpula do DEM quer evitar desgaste com o governador Geraldo Alckmin (PSDB). Por isso, as negativas públicas e os convites em privado.

O prefeito tem dito que não vai entrar na disputa se Alckmin, que é seu padrinho político, se colocar como candidato. Porém, cada vez mais ele tem adotado discursos e agendas de quem pretende concorrer.

A possibilid­ade de deixar o PSDB também é rechaçada por Doria. Ontem, durante evento

em São Paulo, o prefeito voltou a descartar a saída do partido, mas admitiu o interesse do PMDB e do DEM. “Não tenho intenção de deixar o PSDB. É o meu partido. As portas (do PMDB e do DEM) foram abertas, o que me deixa muito feliz. PMDB e DEM são parte da nossa base em São Paulo”, disse.

Apoios. Para aliados de Doria, a mudança de sigla, porém, pode ocorrer caso o governador não se apresente como candidato e, mesmo assim, a cúpula tucana vete uma candidatur­a do prefeito. São cada vez mais fortes,

no entanto, as pressões para que Alckmin desista de concorrer e indique Doria, que trabalha para reunir apoios externos e crescer nas pesquisas.

O nome do prefeito, contudo, enfrenta resistênci­a entre setores tucanos. Presidente interino do PSDB, Tasso Jereissati (CE), conforme apurou o Estado, disse em reunião interna

que Alckmin “tem preferênci­a” na fila na escolha do candidato.

O grupo dos “tucanos históricos” de São Paulo, do qual fazem parte o ex-governador Alberto Goldman e José Aníbal, presidente do Instituto Teotônio Vilela, também não aceita a opção Doria. Presidente licenciado do PSDB, o senador Aécio Neves (MG), que mantém influência na sigla, é outro que entrou em rota de colisão com o prefeito após Doria defender publicamen­te seu afastament­o do comando do PSDB.

Reação. O assédio a Doria e a deferência de Temer ao prefeito desagradar­am a aliados de Alckmin, que está no quarto mandato no governo paulista e se articula para ocupar a vaga do PSDB na disputa pelo Planalto. Tucanos com trânsito no Bandeirant­es reclamam dos movimentos do prefeito e fazem críticas à gestão Doria. “Não mudou nada. Seguimos amigos e unidos”, disse o prefeito ao Estado. A avaliação no entorno de Alckmin, no entanto, é de que Doria está decidido a disputar a Presidênci­a, dentro ou fora do PSDB. Para não perder espaço, o governador vai intensific­ar a agenda de viagens pelo Brasil e as conversas partidária­s.

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DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO
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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO Peemedebis­ta. O presidente da República, Michel Temer, durante evento no Supremo

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