O Estado de S. Paulo

Alberto Bombig

- Alberto Bombig

Doria permanece fora da Lava Jato, está à frente do terceiro maior orçamento do País e conta com um bom capital de votos, algo raro nos desgastado­s DEM e PMDB.

É simples entender o fascínio que João Doria exerce em partidos do campo da centro-direita. Ele permanece fora da Lava Jato, está à frente do terceiro maior orçamento do País, tem dinheiro e contatos para financiar campanhas e conta com um bom capital de votos (pelo menos é o que indicam até agora as pesquisas), algo raro nos desgastado­s DEM e PMDB.

Como gosta de dizer o cientista político Murilo de Aragão, Doria, por enquanto, trafega sozinho (e em alta velocidade) na faixa do eleitorado menos politizado que não gosta nem do ex-presidente Lula nem do deputado Jair Bolsonaro.

Portanto, na pior hipótese para esses partidos, uma candidatur­a Doria os colocaria novamente no jogo presidenci­al como atores principais, algo que eles não experiment­am desde 1989, no caso do DEM, e desde 1994, no caso do PMDB.

Do lado de Doria, a aproximaçã­o com esses dois partidos aumenta radicalmen­te o poder dele na divisão de forças dentro do PSDB. Torna-se mais um ativo do prefeito na guerra silenciosa com o governador Geraldo Alckmin.

O DEM ganhou um papel de destaque no governo Michel Temer e, como consequênc­ia, na costura das alianças eleitorais de 2018. Se o partido se acertar com o PMDB e ambos decidirem atuar em bloco, eles serão determinan­tes, seja para influencia­r na escolha do candidato tucano, seja para lançar um nome próprio e bagunçar de vez o já confuso cenário eleitoral.

Como essa eventual divisão tenderia a beneficiar o campo do PT e da esquerda, não é um delírio afirmar que João Doria candidato pelo DEM com apoio do PMDB ou vice-versa poderia, no limite, obrigar o PSDB a indicar o vice dele numa chapa que levasse adiante as “conquistas” do Centrão e do governo Temer.

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