O Estado de S. Paulo

Trump reforça ameaça à Coreia do Norte

Tensão. Presidente americano diz que Pyongyang sofrerá consequênc­ias que ‘nunca pensou serem possíveis’ se atacar os EUA ou aliados; republican­o indica que pode recuar em sua planejada guerra comercial com a China se Pequim fizer mais para resolver crise

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O presidente americano, Donald Trump, elevou ontem sua retórica sobre o programa nuclear da Coreia do Norte e disse que o país deveria estar “muito nervoso”, pois “ocorrerão coisas” que Pyongyang “nunca pensou serem possíveis”, caso ataque os EUA ou seus aliados.

Trump disse a repórteres que sua advertênci­a de terça-feira sobre “fogo e fúria” talvez não tenha sido “dura o suficiente”, mas, apesar de reforçar sua arriscada política com o líder norte-coreano, Kim Jong-un, o presidente americano afirmou “às pessoas de todo o mundo” que a situação está sob controle.

Trump não disse se está planejando um ataque preventivo contra a Coreia do Norte, alegando que não podia falar sobre potenciais opções militares. Mas ele garantiu que está aberto a uma negociação com Pyongyang, apesar de lembrar que as conversaçõ­es dos últimos anos não conseguira­m deter o programa nuclear nortecorea­no. “Alguém tem de fazer alguma coisa”, afirmou. “É melhor a Coreia do Norte não fazer mais ameaças aos EUA.”

Horas depois, a Coreia do Norte afirmou que os EUA “sofrerão uma derrota vergonhosa e uma condenação final”, caso “persistam em suas aventuras militares, sanções e pressões extremas”. Segundo comunicado divulgado pela agência KCNA, os militares prometem “destruir sem perdão os provocador­es

que estão fazendo tentativas desesperad­as de sufocar a Coreia do Norte”.

Com o vice-presidente Mike Pence ao seu lado, Trump disse que tem o “apoio de 100%” das Forças Armadas dos EUA e de outros líderes mundiais. Ele também afirmou que a China, aliada e maior parceira comercial da Coreia do Norte, precisa fazer mais para pressionar Pyongyang – e previu que ela o fará. Ele insinuou que poderá fazer uma barganha com a China e recuar em sua planejada guerra

comercial com o país se Pequim fizer mais para resolver o impasse com a Coreia do Norte.

“Acredito que a China pode fazer muito mais”, disse. “E acho que a China o fará. Nós temos um comércio com a China. Nós perdemos bilhões de dólares ao ano no comércio com a China. Eles sabem como me sinto. Isso não vai continuar assim. Mas, se a China nos ajudar, acho que haverá uma mudança com relação ao comércio, muitas coisas diferentes.”

Trump agradeceu a colaboraçã­o da Rússia e da China, que no sábado aprovaram novas sanções adotadas pelo Conselho de Segurança da ONU contra Pyongyang por seu programa de mísseis e nuclear.

O presidente fez as novas ameaças enquanto seu governo se esforça para criar uma frente unificada em meio a um debate interno sobre uma estratégia para confrontar a Coreia do Norte. As declaraçõe­s foram feitas no clube de golfe do magnata em Bedminster, em New Jersey, para onde Pence viajou para almoçar com Trump e participar da entrevista coletiva sobre segurança com o chefe de gabinete da Casa Branca, John Kelly, e o conselheir­o de Segurança Nacional, Herbert R. McMaster.

Após Trump advertir a Coreia do Norte de que poderia enfrentar “fogo e fúria”, funcionári­os de alto escalão do governo tentaram acalmar os líderes mundiais e a população americana. O regime de Pyongyang zombou das ameaças de Trump e confirmou ontem que planeja disparar quatro mísseis em direção à ilha americana de Guam, no Pacífico, alegando que apenas a força faz sentido para o presidente Trump, alguém que “perdeu a cabeça”.

Ainda ontem, o Japão afirmou que “jamais poderá tolerar as provocaçõe­s” de Pyongyang. O ministro de Defesa japonês, Itsunori Onodera, disse que o país pode intercepta­r um míssil norte-coreano disparado em direção a Guam.

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WIN MCNAMEE/AFP Na Casa Branca. Grupo de ativistas protesta em Washington contra a escalada da tensão com a Coreia do Norte

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