O Estado de S. Paulo

Comissão fixa mandato para ministros do STF

Pela proposta, integrante­s de tribunais superiores permanecem no cargo por 10 anos; rito para aprovação de indicado ao Supremo também muda

- Isadora Peron Felipe Frazão

A comissão que debate a reforma política na Câmara manteve ontem a proposta do relator Vicente Cândido (PT-SP) que define mandato de dez anos para ministros de cortes superiores, como o Supremo Tribunal Federal.

O PSDB havia apresentad­o um destaque para retirar essa parte do texto, mas os deputados, em votação simbólica, optaram por manter a sugestão do relator. Ao justificar a emenda, o deputado Marcus Pestana (PSDB-MG) afirmou ser “absolutame­nte” favorável à proposta, mas disse que este não seria o momento para discutir a questão. “Como temos pouco tempo, tudo que perder o foco da reforma política prejudica.”

Ao defender a fixação dos mandatos para ministros de tribunais superiores, Vicente Cândido afirmou que essa era uma “proposta de Estado” que se fazia “urgente” diante do que ele chamou de “judicializ­ação da política”. Para o petista, o modelo vigente dá um poder excessivo aos ministros. Atualmente, os integrante­s dessas cortes, como o STF, podem permanecer no cargo até completar 75 anos de idade.

A regra valeria também para cortes como o Superior Tribunal de Justiça (STJ), o Tribunal Superior do Trabalho (TST), o Tribunal de Contas da União (TCU), entre outras. Já os juízes eleitorais teriam mandatos de quatro anos, vedada a recondução imediata, segundo a proposta do deputado petista.

Indicação às cortes. Pela proposta aprovada na comissão especial da Câmara ontem, a indicação dos ministros do Supremo continua sendo uma prerrogati­va do presidente da República. A mudança se dá no processo de aprovação pelo Senado.

Hoje, o nome indicado pelo presidente tem de passar por uma sabatina na Comissão de Constituiç­ão e Justiça (CCJ) do Senado e, depois, por aprovação do plenário da Casa. É necessário o voto da maioria simples (41 senadores).

De acordo com a mudança proposta pelo relator da reforma política, o placar no plenário do Senado teria de ser por três quintos da Casa (49 do total de 81 senadores).

Para o ministro Alexandre de Moraes, que assumiu uma vaga no STF neste ano após a morte de Teori Zavascki, o tema merece uma análise mais aprofundad­a que inclua também a discussão sobre o modelo de indicação dos ministros, não só a duração dos mandatos (mais informaçõe­s nesta página).

À época, a indicação de Moraes para a vaga no Supremo, feita pelo presidente Michel Temer, provocou polêmica porque ele ocupava o cargo de ministro da Justiça.

Em sua sabatina no Senado, antes de ter seu nome aprovado pelo plenário, Moraes foi questionad­o sobre o tema e disse que não se sentia devendo nenhum “favor político”.

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