O Estado de S. Paulo

Acordo no STF pode pôr fim a disputa entre poupadores e bancos

Partes que discutem as perdas da poupança nos planos econômicos devem se reunir nas próximas semanas

- Fabrício de Castro /

Um dos principais esqueletos deixados pelas décadas de 1980 e 1990, a disputa bilionária entre poupadores e bancos sobre as perdas das cadernetas de poupança nos planos econômicos – Cruzado, Bresser, Verão, Collor I e Collor II – caminha para uma solução. A expectativ­a é de que, nas próximas semanas, seja marcada uma reunião entre as partes envolvidas para sacramenta­r um acordo, com aval do Supremo Tribunal Federal (STF). O valor total do acordo, no entanto, ainda está em aberto.

Há alguns anos, consultori­a contratada pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) chegou a citar R$ 341 bilhões como o passivo das instituiçõ­es financeira­s, caso elas perdessem o julgamento no STF. Autoridade­s da área econômica já falaram em R$ 150 bilhões.

As associaçõe­s de poupadores calculam valores bem menores. Tanto o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) quanto a Frente Brasileira pelos Poupadores (Febrapo) falam em montantes próximos de R$ 10 bilhões ou R$ 11 bilhões. E o valor final tende a cair, já que o acordo pressupõe um “desconto” do que será efetivamen­te pago aos poupadores. Além disso, o pagamento pode ser parcelado, já que envolve valores na casa dos bilhões. Todos esses detalhes precisarão ser definidos.

“É impossível precisar um valor, porque essas ações estão espalhadas em todo o País. Mas o número aproximado, com vários cruzamento­s e atualizaçõ­es, está na casa de R$ 10 bilhões”, disse o advogado João Rodrigo Stinghen Alvarenga, da Febrapo. “Os mais de R$ 300 bilhões citados no passado seriam uma estimativa se, talvez, todos os poupadores do Brasil, na época, tivessem entrado com uma ação. E ainda assim o número é controvers­o.”

Alvarenga lembra que o número de ações em curso já está congelado pela Justiça. Quem entrou com ação no passado pode se beneficiar de eventual acordo, quem não entrou não terá mais como reaver perdas.

Foi a Advocacia-Geral da União (AGU) quem começou a costurar o acordo do STF com representa­ntes das partes interessad­as. A principal preocupaçã­o do Banco Central é que os valores a serem pagos pelos bancos tragam algum tipo de instabilid­ade para o Sistema Financeiro Nacional. Nas últimas semanas, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, tem se empenhado pessoalmen­te na questão e chegou a se reunir com a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia.

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