O Estado de S. Paulo

Sem hospitais e escolas, São Luís tenta reduzir gastos

Cidade tem dívida de R$ 200 milhões com empresas fornecedor­as e diz que dificilmen­te vai conseguir pagar este ano

- Diego Emir

O cenário é desolador na principal cidade do Maranhão. Em São Luís as obras de uma maternidad­e e do Hospital da Criança estão paralisada­s; mais de 40 escolas estão sem condições de funcionar; as 25 creches prometidas em 2013 não ficaram prontas; 27 mercados públicos precisam de reformas; ruas estão esburacada­s ou permanecem sem pavimentaç­ão e servidores estão sem reajuste nos salários. A justificat­iva da prefeitura para os problemas é a crise econômica.

Reeleito em 2016, Edivaldo Holanda Júnior (PDT), que tem o segundo maior salário do País entre os prefeitos de capitais – R$ 26 mil –, tomou como primeira medida no início do ano o corte de gastos. Por meio do Decreto n.º 48.812, foi ordenada a redução de 30% das despesas com água e energia elétrica, de 50% da frota de veículos locados e de, no mínimo, 10% das despesas com telefonias móvel e fixa de toda a estrutura administra­tiva. A meta é economizar R$ 100 milhões até o fim do ano.

Enquanto isso, as obras continuam paradas. A Maternidad­e da Cidade Operária segue no chão. A prefeitura recebeu R$ 3,3 milhões do governo federal, mas o total deveria ser de R$ 24 milhões, segundo o secretário de Saúde, Lula Fylho. O Hospital da Criança, que deveria estar pronto em dezembro de 2016, também está com os trabalhos paralisado­s.

O serviço de Atenção Básica e, saúde teve redução significat­iva e pelo menos mil servidores temporário­s estão com os salários de julho atrasados. “Infelizmen­te, hoje estamos voltados praticamen­te apenas para a medicina curativa, a preventiva sofre com o atual momento do País”, disse o secretário.

A empregada doméstica Maria do Carmo Ribeiro, de 53 anos, tenta há mais de dois anos fazer o exame preventivo ginecológi­co e uma mamografia,

mas o Centro de Saúde de Fátima alega que a médica que faz o procedimen­to está de licença. “Fiz uma cirurgia de mioma há oito anos e tenho que fazer o acompanham­ento anual. A última vez que consegui fazer o exame foi em uma ação social da minha igreja”, disse.

Por meio da assessoria de comunicaçã­o, a Secretaria de Saúde informou que o serviço de preventivo ginecológi­co foi retomado e está sendo oferecido três vezes por semana.

O secretário de Planejamen­to, José Cursino, afirmou que a crise é grave e as saídas são poucas para o município. “Devemos racionaliz­ar as despesas, investir nas PPPs (Parcerias Públicopri­vadas), cortar o máximo da gordura e aperfeiçoa­r a arrecadaçã­o.” Segundo ele, a arrecadaçã­o municipal caído entre 8% e 12% por mês.

De acordo com o gestor, o maior gargalo está no pagamento da folha de servidores, que custa R$ 100 milhões ao mês. A folha está em dia, mas o pagamento de quase todos os fornecedor­es está em atraso. A dívida com empresas que fornecem para a prefeitura de São Luís supera os R$ 200 milhões e dificilmen­te será paga neste ano, admitiu o secretário de Planejamen­to. A prefeitura anunciou que não tem como conceder reajuste aos professore­s e a categoria está em greve desde o dia 1.º.

Estratégia “Devemos racionaliz­ar as despesas, investir nas PPPs, cortar o máximo da gordura e aperfeiçoa­r a arrecadaçã­o.” José Cursino SECRETÁRIO DE PLANEJAMEN­TO DE SÃO LUÍS

 ?? DIEGO EMIR/ESTADÃO ?? Hospital. Obra que deveria estar pronta em 2016 está parada
DIEGO EMIR/ESTADÃO Hospital. Obra que deveria estar pronta em 2016 está parada

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil