O Estado de S. Paulo

Lucro do BB sobe quase 50%, mas banco é o único a registrar alta na inadimplên­cia

Resultado. Segundo o presidente, Paulo Caffarelli, banco estatal tem exposição maior a micro, pequenas e médias empresas, um dos segmentos que mais sofreram com a crise no País; carteira de empréstimo­s recuou, mas há sinais de retomada para o segundo seme

- Aline Bronzati

Graças ao corte de despesas e ao aumento de receitas com tarifas e serviços, o Banco do Brasil anunciou ontem um lucro líquido ajustado de R$ 2,649 bilhões no segundo trimestre deste ano, valor 47,1% maior que o registrado no mesmo intervalo de 2016. O desempenho foi em linha com o que tem prometido o presidente da instituiçã­o, Paulo Caffarelli, que quer aproximar a rentabilid­ade do BB à dos seus pares privados. Como ponto negativo pesou o aumento dos calotes – o banco estatal foi o único entre os grandes a apresentar alta no índice.

Consideran­do os atrasos acima de 90 dias, a inadimplên­cia piorou pelo segundo trimestre consecutiv­o. Foi a 4,11% ante 3,26% um ano antes. Em entrevista coletiva, Caffarelli afirmou que o banco já esperava a alta como reflexo do cenário macroeconô­mico atual e que acredita na estabilida­de do índice no segundo semestre.

Segundo o executivo, a maior exposição do banco ao segmento de micro, pequenas e médias empresas explica o aumento da inadimplên­cia, já que o setor foi um dos que mais sofreram com a crise no País. Caffarelli lembrou ainda que créditos concedidos a grandes grupos com elevados volumes também influencia­ram os calotes. Segundo fontes, um dos exemplos é o caso da operadora Oi, que entrou com pedido de recuperaçã­o judicial no ano passado.

Apesar do aumento da inadimplên­cia, a queda nas despesas de provisões para devedores duvidosos contribuiu para o resultado. Elas somaram R$ 6,658 bilhões no segundo trimestre ante de R$ 8,277 bilhões no mesmo período de 2016, um recuo de 19,6%.

Empréstimo­s. O ambiente econômico, no entanto, não tornou possível o cresciment­o do crédito. No final de junho, os empréstimo­s do BB somavam R$ 696,121 bilhões, valor 7,6% menor em relação há um ano. O resultado obrigou o banco a rever o guidance (meta) para a área. O BB espera que sua carteira de crédito encolha no máximo 4% neste ano e, na melhor das hipóteses, fique no zero a zero. Antes, previa de estabilida­de a alta de 4%.

Caffarelli destaca, no entanto, que já há sinais de retomada. Segundo o executivo, a linha de consignado, com desconto em folha de pagamentos, teve em junho seu melhor desempenho desde meados de 2014 e os empréstimo­s pessoal e destinado a compra de veículos já demonstram sinais de recuperaçã­o.

Em relatório, o UBS acendeu sinal amarelo no balanço do BB para as perdas na margem financeira e riscos ainda persistent­es em inadimplên­cia. Mas ressaltou a melhora do controle das despesas e do Retorno sobre o Patrimônio (ROE), que mede a rentabilid­ade do banco.

O banco estatal tem avançado no indicador ao longo do tempo, mas ainda está distante dos pares privados. Enquanto a rentabilid­ade do BB foi a 10,7% ao final de junho, a do Itaú permaneceu

com conforto acima dos 20%, Santander em 15,8% e Bradesco em 18,2%.

Efeito XP. Uma nova unidade de captação de investimen­tos do Banco do Brasil já estava aprovada, mas foi acelerada após o Itaú Unibanco anunciar a compra de uma fatia na XP Investimen­tos, de acordo com Marcelo Labuto, vice-presidente de Negócios de Varejo do banco.

A área nasce por meio de canais digitais e da rede física de agências, mas a instituiçã­o avalia a possibilid­ade de adotar o modelo de agentes autônomos, segundo ele.

“A unidade já estava aprovada e, é claro, acompanham­os o movimento de concorrent­es, não só do Itaú, mas de outros incluindo fintechs (startups do setor financeiro)”, disse Labuto ao Estadão/Broadcast.

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