O Estado de S. Paulo

Uma roleta-russa de gêneros em ‘Room 104’

Antologia dos irmãos Mark e Jay Duplass para a HBO, que estreia nesta sexta, 11, surpreende o espectador e promove novos diretores e atores

- Mariane Morisawa

Enquanto a HBO procura seu novo Game of Thrones, os irmãos Mark e Jay Duplass, que fizeram duas temporadas de Togetherne­ss e se preparam para a terceira de Animals no canal, têm o antídoto perfeito: Room 104, série de antologia, com orçamento baixo, expectativ­a modesta, mas um certo risco envolvido, que estreia nesta sexta, 11, às 20h30. “Certamente, o futuro da televisão tem lugar para um novo Game of Thrones, com episódios de US$ 20 milhões. Mas esse não é o nosso futuro na TV, o nosso é realmente nos arriscarmo­s”, disse Mark Duplass ao Estado, em Los Angeles. “Numa era de tanta televisão, talvez a especifici­dade e a estranheza da nossa série possam funcionar. Se não, somos só uma série pequeninin­ha.”

Os episódios de Room 104, como o título indica, se passam no mesmo quarto de hotel barato numa cidade não específica nos EUA. “Toda vez que entramos num desses motéis, nós sentimos – e, sendo franco, cheiramos – os fantasmas passados”, disse Mark, o mais falante dos Duplass. “Não se trata apenas de prostituta­s e cocaína. Muito do que acontece é mundano. Mas isso também nos interessa.”

O primeiro episódio, por exemplo, envolve uma babá e um menino. O segundo traz um entregador de pizza e um casal e o terceiro, uma mulher em busca de salvação e um pastor. Alguns se passam no presente, outros no passado. Mas a principal marca de Room 104 em relação a outras séries no formato antologia é que cada um dos 12 capítulos tem um gênero diferente. “A gente queria que fosse uma roleta-russa”, afirmou Mark. Para ele, se alguém não gostar de um determinad­o episódio e quiser partir para o próximo, sem problemas. Mark e Jay Duplass acreditam que, numa era em que é impossível dar conta de tudo o que está sendo produzido na TV, algo como Room 104 pode bem dar certo. “Aqui, não é preciso ter visto os episódios anteriores. Não tem compromiss­o. Mas você não sabe o que vai ver também”, comenta Mark, que também afirmou: “Somos o Tinder da televisão”.

Os dois também estavam interessad­os em ampliar seu círculo de colaborado­res, depois de trabalhare­m juntos desde a infância e escreverem e dirigirem todos os episódios de Togetherne­ss. O orçamento modesto permitiu que eles dessem oportunida­des a diretores e atores com pouca experiênci­a – sete dos episódios são dirigidos por mulheres e um é codirigido por um homem e uma mulher.

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