O Estado de S. Paulo

Governo prevê corte de R$ 9 bi em reajuste de servidores

Aperto no Orçamento. Além disso, está em negociação a criação de um limite de R$ 5 mil para os salários de funcionári­os públicos em início de carreira e corte de gastos em benefícios como auxílio-moradia; servidores já ameaçam fazer paralisaçõ­es

- Lorenna Rodrigues Idiana Tomazelli /

O governo quer cortar gastos com o funcionali­smo e prepara o adiamento para 2019 dos reajustes de servidores do Executivo, previstos para 2018. O plano economiza R$ 9 bilhões. Também estão sendo analisados o limite de R$ 5 mil para salários de início de carreira e o corte de benefícios. Representa­ntes de sindicatos planejam paralisaçõ­es contra as medidas.

Com dificuldad­es para fechar as contas, o governo deve anunciar uma série de medidas para conter gastos com o funcionali­smo, entre elas o congelamen­to dos reajustes dos servidores do Executivo, previstos para 2018. Também está sendo negociada a fixação de um limite de R$ 5 mil para os salários de servidores em início de carreira e corte de gastos em benefícios como auxílio-moradia, auxílio -reclusão e ajuda de custo, todas antecipada­s pelo ‘Estadão/Broadcast’.

A ideia do governo é postergar para janeiro de 2019, ou seja, em um ano, os reajustes prometidos a maioria das carreiras de funcionári­os públicos. A medida traria uma economia de cerca de R$ 9 bilhões para o próximo ano, ajudando a fechar as contas do orçamento. A previsão é que o adiamento dos aumentos seja parte de um “pacote” de medidas para controlar as despesas com o funcionali­smo, que representa­m o segundo maior gasto no Orçamento, atrás apenas do pagamento de aposentado­rias e pensões.

A maior parte desses aumentos foi aprovada ainda no ano passado pelo Congresso, e agora é preciso nova alteração legislativ­a para adiá-los. O mais provável é que a proposta seja encaminhad­a em uma ou mais Medidas Provisória­s (MPs), que têm vigência imediata. Encontrará forte resistênci­a do funcionali­smo, que já se articula para promover paralisaçõ­es e pressionar parlamenta­res.

Em outubro, o Estadão/Broadcast antecipou que o governo estudava rever o salário inicial de várias categorias. Hoje, os servidores de algumas carreiras já entram ganhando salário próximo do teto do funcionali­smo (R$33,9 mil), o que deixa pouco espaço para a progressão. Ainda estão sendo definidas as carreiras que serão atingidas por essa limitação – restrita, no momento, a servidores do Executivo.

Categorias como analistas do Tesouro e do Banco Central e auditores da Receita têm os salários iniciais mais altos – estes últimos, de R$ 19,2 mil. A discrepânc­ia é ainda maior quando entram na comparação os salários da iniciativa privada. O rendimento médio no País hoje é de R$ 2,1 mil ao mês.

Também podem ser anunciadas a revisão de auxílios pagos ao funcionali­smo, como auxílio moradia e ajudas de custo. Segundo o Ministério do Planejamen­to, nove tipos de auxílios pagos a servidores de todos os poderes (Executivo, Legislativ­o, Judiciário, Ministério Público da União e Defensoria da União) consumiram R$ 16,6 bilhões no ano passado – R$ 12,9 bilhões somente no Executivo. Mas nem todos os auxílios serão revistos neste momento.

Entrou na discussão também mudanças no auxílio-reclusão, pago a dependente­s de presos que contribuír­am ao INSS. O corte economizar­ia R$ 600 milhões por ano.

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