Bolt sofre lesão e cai em sua última prova
Lenda do esporte, atleta jamaicano sente lesão na última prova da carreira e não completa revezamento 4 x 100 m
O maior de todos os tempos teve um final de carreira inesperado, mas ‘humano’. Aos 30 anos, Usain Bolt, o astro jamaicano, cidadão do mundo, ficou pelo caminho nos últimos 100 metros do revezamento 4 x 100 no Mundial de Atletismo de Londres. Em boa posição, na luta por uma medalha, ele recebeu o bastão e já corria para o pódio quando uma cãibra no músculo posterior da coxa esquerda pôs fim à sua prova. Incrédulo, ele diminuiu a passada, deu uma cambalhota e esparramou-se no chão, se contorcendo em dores. Deixou a pista consolado pelos seus companheiros. Pouco importa – Bolt continuará como o maior de todos os tempos.
No começo da noite de ontem, Bolt postou uma mensagem curta em seu Instagram agradecendo seus companheiros de revezamento e o público. “Obrigado meus amigos. Amor infinito para os meus fãs”, escreveu. Ao lado do texto, ele postou uma foto em que é consolado por seus companheiros de prova (Omar McLeod, Julian Forte e Yohan Blake), logo após a sua lesão. O jamaicano deixou a pista do estádio Olímpico de Londres sem passar pela zona mista. Kevin Jones, médico da equipe do Caribe, confirmou a cãibra como o problema do atleta. “Foi uma cãibra na parte posterior do músculo esquerdo da coxa, mas a dor é sobretudo pela decepção por perder a prova. As últimas três semanas foram difíceis para ele, vocês sabem. Mas esperamos o melhor para ele, sempre”, afirmou.
Um fator que passou a ser considerado como possível causa para o problema muscular de Usain Bolt foi o frio na hora da prova. Yohan Blake, terceiro corredor da Jamaica, afirmou que a demora na sala de chamada dos atletas foi grande e que isso fez os músculos esfriarem e ficarem mais suscetíveis a uma série de lesões, como a cãibra. “Bolt me disse ‘eles estão segurando a gente aqui por muito tempo”, depois, afirmou que estava ‘esfriando’ e disse ainda ‘eu não gosto disso’ um pouco depois”, comentou Blake. O médico do time da Jamaica confirmou. “Estava frio lá atrás... os rapazes estavam reclamando disso sim”, disse Kevin Jones.
Seus companheiros afirmaram que Bolt estava chateado. “Ele nos pedia perdão, porém dissemos a ele que não tinha nada que se desculpar, que as lesões são parte do esporte, parte de nossas vidas”, disse Julian Forte, o segundo a correr.
Despedida. O sorriso fácil, a personalidade forte, o carisma e o talento ganharam a companhia da emoção no último dia de Usain Bolt como atleta. Perto de completar 31 anos, ele saiu de cena após sua contusão. Antes da prova, pouco importava a cor da medalha, ou mesmo se ela viria – o que todos queriam ver era a última vez em que o maior de todos os tempos pisava na pista.
A surpreendente final teve um resultado inesperado. A Grã-Bretanha cruzou a linha de chegada em primeiro com o tempo de 37s47 e bateu os Estados Unidos, que ficou com a prata (37s52). Assim como nos Jogos do Rio-2016, o Japão ficou com o bronze(38s04).
O jamaicano mudou a história do esporte. Ganhou oito medalhas de ouro em Jogos Olímpicos e em Mundiais de Atletismo acumulou nada menos do que 14 medalhas (11 de ouro, duas de prata e uma de bronze, nos 100 metros na atual edição). Ele é o recordista mundial dos 100 metros (9s58), dos 200 metros (19s19) e ainda do revezamento 4x100 metros com a equipe da Jamaica na Olimpíada de Londres-2012 (36s84).
Fenômeno raro no esporte, Bolt sai de cena para se juntar à lendas como Muhammad Ali, Ayrton Senna, Pelé, Maradona, Michael Jordan, Michael Phelps, Roger Federer, entre outros. A partir de agora, ele fará a recuperação da contusão e depois deverá seguir para a Alemanha, onde tem marcados testes no Borussia Dortmund – o jamaicano tem o sonho de se tornar jogador de futebol profissional. É melhor ninguém duvidar de um dos maiores atletas de todos os tempos.