O Estado de S. Paulo

Analista vê risco de espaço para líderes autoritári­os

Rupak Patitunda afirma, porém, que estudo mostra ‘esperança’, porque 84% acreditam em um país melhor sem corrupção

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A combinação de desencanto com a democracia e rejeição aos políticos pode abrir espaço para radicalism­os ou líderes autoritári­os na eleição de 2018? Para Rupak Patitunda, um dos responsáve­is pela pesquisa do instituto Ipsos, a resposta é sim. Mas o próprio levantamen­to indica que a população não espera que os problemas sejam resolvidos por um regime de força.

“Testamos três frases na pesquisa, e cada uma indicaria uma solução institucio­nal para o problema da crise política”, diz Patitunda. “A primeira é ‘colocar no poder líderes fortes para instituir a ordem’, que seria a solução pelo Executivo. A segunda frase, ‘criar regras firmes contra políticos corruptos’, significar­ia uma solução legislativ­a. A terceira, ‘aplicar efetivamen­te as regras já existentes contra corrupção’, significar­ia uma solução de fiscalizaç­ão. Dentre todas a solução mais apontada não vem do Executivo, mas da criação de mecanismos legais.”

Entrave. Para o analista do Ipsos, “o problema está nas regras, não na aplicação das regras ou na ausência de lideranças”. Patitunda vê como um “nó a ser desatado” o fato de as esperadas mudanças legais para ampliar o combate à corrupção necessitar­em de aprovação do Congresso, “uma instituiçã­o cuja imagem foi muito afetada pelas investigaç­ões da Operação Lava Jato”.

Um ponto positivo da pesquisa é o fato de ser minoritári­a a parcela da população que concorda com frases como “o que realmente vale são políticos e partidos que roubam mas fazem” (22%) e “a corrupção no Brasil é culpa do povo, que elege políticos corruptos” (44%).

“Essas frases subentende­m a impossibil­idade de mudança institucio­nal, e ambas receberam a menor parte das respostas de concordânc­ia”, afirma Patitunda. “Por outro lado, ‘eu acredito que é possível governar sem corrupção’ recebeu 84%. O brasileiro ainda tem esperança quanto ao problema”, diz o pesquisado­r.

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