O Estado de S. Paulo

Para Ricupero, instituiçõ­es devem ‘cortar na carne’ para sobreviver

Ex-ministro vê risco de ruptura constituci­onal se Congresso aprovar reformas que ‘pioram a situação do País’

- Facebook. Curta a página da Política facebook.com/politicaes­tadao Gilberto Amendola

O ex-ministro da Fazenda Rubens Ricupero defendeu ontem a construção de “consensos” em torno da reforma política e econômica como uma tentativa do Brasil para sair do que ele considera uma crise institucio­nal. “Deveríamos construir consensos em torno de alguns pontos de uma reforma política e econômica e estabelece­r metas concretas para ampliar os horizontes do País”, disse.

O ex-ministro participou ontem em São Paulo do primeiro colóquio promovido pelo Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial, que tem apoio do Estado, para debater a consolidaç­ão e o aprimorame­nto das instituiçõ­es brasileira­s. O ciclo de colóquios é quinzenal.

Entre os consensos possíveis, Ricupero citou a adoção do voto distrital misto, a proibição de coalizões em eleições proporcion­ais, a criação de restrições para partidos nanicos, entre outras. Para ele, o País deveria traçar metas até o bicentenár­io da Independên­cia, em 2022. “As instituiçõ­es só sobrevivem quando são capazes de diagnostic­ar seus problemas e se reformarem, às vezes, cortando em sua próprio carne.”

Neste contexto, Ricupero disse ver dois cenários. No primeiro, “o Congresso vota reformas que pioram a situação do País e, independen­temente de quem for o próximo presidente, caminha-se para uma ruptura constituci­onal”. O segundo prevê reformas efetivas que promovam melhora no clima institucio­nal, político e econômico do País – sem ruptura constituci­onal.

Líderes. Apesar do ambiente, Ricupero disse que é em momentos como esse que aparecem líderes. “Os ex-presidente­s Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva foram lideranças improvávei­s que nasceram no fim da ditadura, em um ambiente que não era o mais propício para elas surgirem.”

Norman Gall, diretor executivo do Instituto, sugeriu a criação de um grupo para traçar metas para o País, tendo como norte o bicentenár­io da Independên­cia. Ricupero seria o coordenado­r do grupo, que ainda teria a participaç­ão de jovens e intelectua­is.

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ALEX SILVA/ESTADÃO SP. Ricupero durante debate do Instituto Fernand Braudel que tem apoio do ‘Estado’

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