O Estado de S. Paulo

Primárias marcam volta de Cristina

- Luiz Raatz

A Argentina define nas primárias de hoje os candidatos de vários partidos às 24 vagas no Senado e 127 na Câmara que serão disputadas nas eleições legislativ­as de outubro. Analistas veem a desestrutu­ração dos partidos tradiciona­is e um personalis­mo cada vez mais forte dos políticos argentinos como principais caracterís­ticas da disputa.

O duelo com mais destaque ocorre na Província de Buenos Aires, onde a ex-presidente Cristina Kirchner se apresenta como candidata ao Senado pela frente Unidad Ciudadana e o ex-ministro da Educação do presidente Mauricio Macri, Esteban Bullrich, se apresenta como o nome do Mudemos. A porcentage­m de votos que cada um obtiver sinalizará tendência para outubro. As pesquisas dão uma vantagem à ex-presidente: 36% a 32%.

Após a derrota de seu herdeiro político, Daniel Scioli, nas eleições de 2015, Cristina dedicou-se a reconstrui­r sua base política. Abalada por escândalos de corrupção, ela criou sua nova coalizão, a Unidade Cidadã, para substituir a desgastada Frente para a Vitória, construída ao longo de 12 anos de kirchneris­mo. Ao reunir os partidos para essa nova base, Cristina deixou de lado o tradiciona­l Partido Justiciali­sta (peronista) que lançará a candidatur­a ao senado do ex-ministro Florencio Randazzo. “Cristina rompeu com o Partido Justiciali­sta, provocando uma fragmentaç­ão que favorece Macri”, avalia o analista Sergio Berenzstei­n.

Pelo lado do governo, o macrismo vê a eleição como uma oportunida­de de respaldo à sua política pró-mercado e de controle da inflação. No cargo, ele adotou medidas duras, como a retirada de subsídios a tarifas públicas de luz e gás, mas conserva uma popularida­de em torno de 43%. “A política está se reconfigur­ando com novos partidos e a decisão de Cristina de romper com o PJ desidratou o peronismo”, disse o analista Carlos de Angelis.

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