Violência pós-eleição no Quênia deixa ao menos 24 mortos
Reeleição de Uhuru Kenyatta foi contestada pela oposição, que acusa a polícia de ter matado mais de 100 pessoas
Ao menos 24 pessoas morreram entre sexta-feira e ontem em uma onda de violência provocada pelo resultado das eleições presidenciais no Quênia, segundo um levantamento de ONGs independentes. A reeleição de Uhuru Kenyatta, com 54% dos votos, foi contestada pela oposição, que denunciou fraude.
O partido do segundo colocado na disputa, Raila Odinga, acusou as forças de segurança de provocarem o confronto e disse que o número de mortos pode chegar a 100. Após a vitória, Kenyatta prometeu “estender a mão” a Odinga.
Os corpos de nove jovens mortos durante a noite na favela de Mathare, em Nairóbi, foram levados ao necrotério da cidade, disse uma fonte policial. Os homens foram mortos durante operações da polícia para evitar saques e depredações, acrescentou a autoridade.
Separadamente, uma menina foi morta em Mathare por tiros esporádicos” da polícia, segundo uma testemunha. O bairro é leal ao líder da oposição Raila Odinga, de 72 anos, cujo partido rejeitou a votação de terçafeira.
Um repórter da agência Reuters em Kisumu, centro da violência étnica pós-eleição uma década atrás, quando 1,2 mil pessoas morreram em todo o país, disse que gás lacrimogêneo e tiros foram disparados. Um homem foi morto, disse uma autoridade do governo.
Apelo. A coalizão opositora queniana Super Aliança Nacional (NASA, na sigla em inglês) exigiu ontem à polícia que pare de matar seus seguidores, aos quais pediu calma, e não se deixem provocar nos protestos que protagonizam após a reeleição do presidente Kenyatta.
“A Constituição garante o direito a protestar pacificamente”, lembraram, em uma entrevista coletiva, dirigentes do partido de Odinga.
“Estamos pregando uma mensagem de paz, igual aos nossos seguidores, que deveriam ter permissão para demonstrar seu descontentamento.”/