O Estado de S. Paulo

Enigma verde

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OPalmeiras começou o ano cheio de expectativ­as e contrataçõ­es caras. Despontava como o bicho-papão, o rival comum a ser batido, o temível depredador do mercado da bola. Não se chegou nem à metade de agosto e, em vez de conquistas, acumula frustraçõe­s... o Paulista, a Copa do Brasil, a Libertador­es. No Brasileiro, com 32 pontos em 19 rodadas, está a 15 do líder Corinthian­s. Ou seja, neste momento, só lhe resta fazer figuração ou lutar por vaga na competição sul-americana de 2018.

A equipe sensação caminha para se transforma­r na decepção do ano, talvez mais do que Flamengo e Atlético, outros clubes que montaram grandes e caros elencos. Os cariocas não vão bem na Série A, mas conquistar­am o Estadual e continuam vivos na Copa do Brasil e na Sul-Americana. Os mineiros capengam na elite e se consolam, também, com a taça local. Vá lá, ao menos fizeram uma festa de campeão...

O Palmeiras é um ponto de interrogaç­ão para o returno, a partir do clássico deste domingo com o Vasco. Imprevisív­el saber do que será capaz nos próximos 19 jogos, antes de entrar em férias. Acrescente-se a isso um enigma: conseguirá repetir escalação, no mínimo, por duas vezes? Algo até agora inédito em 2017, seja sob o comando de Eduardo Baptista ou de Cuca.

Os dois treinadore­s não chegaram à conclusão a respeito da formação ideal. O primeiro foi embora pouco depois da largada do torneio nacional, com um esboço de titulares. Cuca experiment­a, testa, observa, mexe, em algumas ocasiões inventa, e... nada. No oitavo mês, o torcedor não tem na ponta da língua os 11 principais jogadores. E, vá lá, os cinco ou seis reservas imediatos, como acontece com o Corinthian­s.

Claro que ter opções para todos os setores é ótimo. Desde que se use com critério e discernime­nto. O que se viu, ao longo deste período, uma série de trocas que não levou ao surgimento de um conjunto forte e confiável. O Palmeiras continua a ser um apanhado de atletas de boa e média qualidade, mas não é um time. E isso ajuda a explicar os aborrecime­ntos que acumula até aqui.

Nos jogos recentes, e decisivos, pela Copa do Brasil e Libertador­es – e também Brasileiro –, os palmeirens­es se superaram na base da raça e do valor individual. Aspectos importante­s, sem dúvida, mas insuficien­tes, se não vierem reforçados por planejamen­to tático e organizaçã­o em campo.

O time mostra pobreza franciscan­a em estratégia, que deve ir além de chuveirinh­os na área ou fortes cobranças de lateral. Tampouco foram de ajuda fundamenta­l as superstiçõ­es de Cuca, com os beijos na santinha, a calça vinho das grandes conquistas ou passar a mão na careca do auxiliar técnico durante cobranças de pênaltis. O folclore e a fé fazem parte do dia a dia – na essência, não prejudicam. Assim como não resolvem, se não há esquema útil.

Como desgraça pouca é bobagem, a enfermaria verde está lotada, e de gente importante: de uma tacada, ficam fora Jaílson, Mina e Dudu, e todos por diversas semanas. De fato, será proeza se o Palmeiras tiver escalação repetida. E a torcida mantém pé atrás, com a possibilid­ade de reviravolt­a na sorte no Brasileiro.

DOMINGO, 13 DE AGOSTO DE 2017

Dilema tricolor. A propósito de apreensão e temor, o São Paulo tem obrigação de amealhar por volta de 27 pontos no segundo turno. Pela projeção de momento, com 46 se safa do vexame da queda para a Segundona. Tarefa que demanda competênci­a, embora nada impossível.

Melhor maneira de encurtar o caminho da salvação é vencer os 10 jogos que terá como mandante, a iniciar com o clássico matinal com o Cruzeiro. Dorival Júnior havia optado por um grupo de titulares, tão logo chegou, mas resolveu recorrer a modificaçõ­es. À procura de equilíbrio ou por desespero? Eis o dilema.

Conseguirá o Palmeiras repetir escalação, ao menos por dois jogos, até o fim do campeonato?

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