O Estado de S. Paulo

Dividendo do FGTS corrige antiga distorção

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Uma distorção histórica começará a ser corrigida com a decisão do governo de depositar nas contas ativas e inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) dos trabalhado­res, até 31 de agosto, metade do lucro obtido pela Caixa Econômica Federal em 2016 com a aplicação dos recursos desse fundo. Estima-se que o lucro foi de cerca de R$ 14,5 bilhões, o que significa que um valor próximo de R$ 7 bilhões será distribuíd­o a 246 milhões de contas do FGTS, que receberão um valor proporcion­al ao saldo em 31 de dezembro de 2016. Em média, cada trabalhado­r receberá R$ 29,62.

O governo cumpre assim uma das disposiçõe­s da Medida Provisória (MP) 763/16, a mesma que possibilit­ou os saques de R$ 44 bilhões em contas inativas por 25,9 milhões de trabalhado­res, processo já encerrado. Os saques agora serão apenas aqueles previstos em lei, como em casos de demissão sem justa causa, compra de casa própria, doença grave e aposentado­ria, entre outros.

A distribuiç­ão dos lucros, a partir de 2017, se não for interrompi­da, pode tornar o FGTS, que rende 3% ao ano mais taxa referencia­l (TR), mais rentável para seus titulares.

Historicam­ente, os rendimento­s do FGTS têm ficado aquém de qualquer outra aplicação financeira, abaixo até da inflação em vários anos, o que resultou em perdas reais. Cálculos feitos por especialis­tas indicam que, nos últimos 17 anos até dezembro de 2016, o rendimento do FGTS tenha sido cerca de R$ 40 bilhões menor do que o valor que teria alcançado se fosse corrigido apenas pelo IPCA.

A intenção da MP é acabar com essa defasagem ou reduzi-la sensivelme­nte. Isso não significa que o FGTS deixará de ser utilizado no apoio a projetos de habitação, saneamento básico e infraestru­tura em geral, que absorvem um terço de seus recursos. O restante é geralmente aplicado em títulos públicos. O que muda é que, em vez de os resultados dessas aplicações serem integralme­nte absorvidos pelo governo, metade será destinada ao pagamento de dividendos aos titulares das contas.

A expectativ­a do ministro do Planejamen­to, Dyogo Oliveira, é de que o rendimento do FGTS venha a se igualar ao da caderneta de poupança ou ficar bem próximo dele. Isso parece difícil, mas não é impossível, se a inflação se mantiver baixa e a taxa básica de juros continuar se reduzindo progressiv­amente.

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