Tecnologia e a nova liderança estão em pauta no Conarh
Em sua 43ª edição, Congresso Nacional sobre Gestão de Pessoas vai abordar uso de big data no setor e o perfil atual de um líder
“A liderança não pode mais ser centralizada. Ela precisa ser colaborativa e coletiva” Kátia Nekandaris
SÓCIA EXECUTIVA DA LEADERS LAB
A tecnologia e o uso da inteligência artificial dentro das empresas já são uma realidade e podem mudar a forma de as pessoas e o setor de recursos humanos agirem no mundo corporativo. “Nós já estamos vivendo a transformação digital. Nós indivíduos – clientes e funcionários – temos um poder grande em nossas mãos. Ganhamos esse poder, principalmente, com a força e a mobilidade da internet e das redes sociais”, afirma Alexandre Dietrich, líder para América Latina da plataforma Watson da IBM.
Ele será um dos palestrantes do Congresso Nacional sobre Gestão de Pessoas (Conarh 2017). A 43ª edição do evento será realizada de terça a quintafeira no São Paulo Expo (Rodovia dos Imigrantes, Km 1,5 – Água Funda, São Paulo).
Dietrich falará sobre o uso de big data e analytcs no apoio ao processo de decisão e citará o sistema Watson, da IBM. Tratase de uma tecnologia que, entre outras coisas, consegue compreender e responder à linguagem humana e interagir.
Segundo ele, o acesso à informação hoje é muito grande e é possível extrair dados que antigamente não se tinha acesso. “Praticamente tudo o que fazemos hoje, pode virar uma fonte de dados.”
Ferramenta.
No setor de RH, o mercado acredita que o uso das ferramentas pode contribuir para a melhoria de índices de atração, retenção e qualificação. Desta maneira, pode-se obter redução de custos com processos seletivos e treinamentos.
Mas não só. Essa tecnologia também pode ser usada para coisas mais simples. “Se eu quero tirar dúvidas sobre o meu holerite, por exemplo, já é possível solicitar a informação para um assistente virtual, que atua na página de recursos humanos na intranet da companhia. Antes, eu precisaria ligar ou enviar um e-mail para alguém solicitando a informação”, diz o executivo da IBM.
Em relação ao medo de que a tecnologia vá acabar com empregos, Dietrich afirma que algumas profissões podem sim ser extintas. “Em contrapartida, novas profissões podem surgir. No entanto, há uma preocupação, principalmente na IBM, do uso da tecnologia para somar e não substituir”, comenta.
“É importante que a área de recursos humanos identifique as habilidades de seus colaboradores e saiba a importância da adequação e esteja aberta para as novas possibilidades que poderão surgir.”
O uso da tecnologia também será tema de outra conferência: “Transformação Digital – Novos imperativos na gestão de pessoa”, que terá a participação de Cristiane Olivier Heckler, superintendente de RH da Caixa Seguradora.
Kátia Nekandaris, sócia executiva da Leaders Lab, falará “Liderança Coletiva - Novas Competências para o Mundo Vuca”, sigla em inglês usada para descrever a volatilidade (volatility), incerteza (uncertainty), complexidade (complexity) e ambiguidade (ambiguity) das condições e situações gerais.
Para Kátia, esse quadro (Vuca) influencia o ambiente corporativo, principalmente por causa dos avanços tecnológicos, que tornam o mundo mais conectado, complexo e competitivo, e das mudanças que ele exige. Ao mesmo tempo, os aspectos globais também afetam o mundo corporativo, seja de forma direta ou indireta. Por isso, segundo ela, líderes estão mudando a sua forma de comandar a empresa.
Na sua opinião, na medida que o contexto de liderança fica mais complexo e exige maior colaboração da equipe, aquela liderança tradicional está ficando cada vez mais rara.
“Os líderes perceberam que para conseguir analisar a operação como um todo, as ações precisam ser discutidas dentro do coletivo, com os times e com grupos de trabalho”, afirma. Kátia pondera que não se está abandonando a capacidade do gestor de desenvolver as suas capacidades individuais. “O que estamos falando é que, hoje, isso já não é suficiente para fazer a liderança acontecer.”
A executiva defende que as soluções no ambiente corporativo não podem mais ser encontradas de forma isolada ou fragmentada. “Há a necessidade de repensar a forma de se comandar uma empresa. A liderança não pode mais ser centralizada. Ela precisa ser colaborativa e coletiva”, diz Kátia.
“Ninguém acorda pela manhã e fala que vai aumentar o nível de pobreza do mundo ou o desmatamento da Amazônia, por exemplo, mas nossas ações diárias resultam nas mudanças globais. E as empresas também enfrentam alterações constantes e aceleradas por conta disso. Por isso, a integração de empresas e profissionais deve se intensificar, inclusive, na forma de liderar a equipe.”