O Estado de S. Paulo

A necessidad­e faz o dono

Mesmo depois de criar e fechar vários negócios, empresário continuou apostando no sonho de ser patrão. E teve sucesso

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Empreender para conseguir ter alguma renda ou para complement­ar ganhos, e não pelo sonho de ser empresário, também resulta em negócios de sucesso, como a DNA Natural, de Jeane Moura (foto)

Quem possui trabalho fixo e não tem condições financeira­s de deixar o emprego para empreender, pode mesmo assim tentar iniciar um negócio. Além de oferecer a possibilid­ade de renda extra, a experiênci­a servirá para validar a ideia.

Foi isso que Thiago Sarraf, fundador da consultori­a Dr. ecommerce, fez. “Enquanto trabalhava em uma multinacio­nal, tentava criar negócios paralelos para complement­ar a renda e ver se a ideia vingava.”

Primeiro, criou um provedor de hospedagem de sites. “Até consegui atrair clientes. Mas não tinha tempo de me dedicar ao negócio e nem noção de gestão. Deu tudo errado e fiquei com dívida em dólar.”

Depois de se recompor financeira­mente, abriu uma agência de link patrocinad­o. “Dessa vez não perdi dinheiro, o que para mim já foi uma vitória. Mas também não ganhei muito e o custo benefício não compensava. Resolvi encerrar a atividade.”

Ao completar 25 anos, Sarraf se casou e criou um e-commerce de lingerie para ser administra­do por sua mulher. “Descobri que eu era um péssimo comprador. Não consegui boa condição para comprar os produtos e nossos preços não puderam ser competitiv­os. O site saiu do ar depois de seis meses.”

Sarraf conta que o primeiro projeto que deu certo foi uma agência de marketing para ecommerce. “Mesmo dando certo, não era um projeto que me dava satisfação. Ganhei algum dinheiro, mas vendi a empresa para investir no sonho de oferecer consultori­a.”

Para não correr riscos, planejou muito bem a nova empresa. “Passei três meses fazendo o planejamen­to. Criei processos, contratos, propostas, apresentaç­ão e material de divulgação. Tudo o que não fiz para as outras empresas, fiz para o DR. ecommerce.”

Segundo diz, por mais que tenha tido desilusões, acumulou aprendizad­o. “Hoje, as pessoas me pagam para evitar erros”, diz o empresário que em 2016 faturou R$ 1 milhão.

Formada em administra­ção e com MBA em franchisin­g, a fundadora da rede DNA Natural, Jeane Moura, também começou a empreender enquanto trabalhava como gerente geral de três unidades de uma rede de lojas de calçados.

“Em 2005, quando um novo shopping estava sendo lançado em Florianópo­lis, negociava a abertura de mais uma loja da rede de calçados quando me ofereceram um ponto na praça de alimentaçã­o, que poderia ser financiado.”

Pesquisand­o as marcas existentes no mercado, ela viu que não havia nenhuma de alimentaçã­o natural. “Sou adepta desse tipo de alimentaçã­o e desenvolvi um projeto, criei o conceito de uma marca e mostrei aos administra­dores do shopping. A

Jeane Moura

ideia foi aprovada e montei a primeira unidade DNA Natural. Mas continuei gerenciand­o as lojas por mais três anos.”

Durante esse período, ela teve de se desdobrar para tocar as duas atividades. “Foi uma loucura. A maior parte da receita do restaurant­e era revertida para pagar tudo o que eu tinha financiado, desde o ponto até o projeto arquitetôn­ico, bem como os custos da operação.”

Depois de seis meses, Jeane teve a oportunida­de de abrir um segundo ponto em uma loja de rua. Foi nesse momento que surgiu a ideia de formatar a marca para poder replicar o modelo. Hoje, a franqueado­ra está com 49 lojas pelo País e emprega mais de 500 pessoas.

Jeane conta que também criou uma consultori­a que atende novas marcas de outros segmentos. “Agora, estou desenvolve­ndo uma nova marca na área de alimentaçã­o com pratos mais elaborados e a instalação terá um ambiente bem aconchegan­te. A proposta é atrair casais em momentos de comemoraçõ­es”, conta.

“Estou desenvolve­ndo nova marca na área de alimentaçã­o para atrair casais em momentos de comemoraçõ­es”

DONA DA REDE DNA NATURAL

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FELIPE CARNEIRO/DNA NATURAL/DIVULGAÇÃO
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JULIANA QUEISSADA/DIVULGAÇÃO/DR. E-COMMERCE Sarraf. ‘Hoje, as pessoas me pagam para evitar erros’

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