O Estado de S. Paulo

Oposição venezuelan­a condena ‘opção militar’

Sem mencionar Trump e com críticas a Maduro, MUD adverte contra qualquer interferên­cia estrangeir­a no país

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A coalizão opositora venezuelan­a Mesa da Unidade Democrátic­a (MUD) rechaçou ontem a ameaça militar de qualquer potência estrangeir­a contra a Venezuela, sem mencionar o presidente americano, Donald Trump, que advertiu que poderia usar a opção militar para conter a crise venezuelan­a.

A MUD, integrada por 30 partidos políticos contrários ao presidente Nicolás Maduro, repudiou o uso da força, ou a ameaça de aplicá-la, por parte de qualquer país na Venezuela.

Trump afirmou na sexta-feira que estudava “muitas opções para o caso venezuelan­o”, incluindo uma possível “opção militar”, se preciso. O chavismo rechaçou no fim de semana as ameaças de Trump.

A MUD não menciona em seu comunicado nem Trump nem os Estados Unidos, mas acusa Maduro de tornar o país uma ameaça regional e promover uma intervençã­o cubana, referindo-se às relações estreitas entre Caracas e Havana.

“A Venezuela sofre há anos interferên­cia militar e política de Cuba, afetando não apenas nossa soberania e independên­cia, mas também constituin­do uma das principais causas da violência” no país, afirmou a coalizão, cuja onda de protestos convocados por ela já deixaram 125 mortos em pouco mais de quatro meses.

O texto ainda responsabi­liza Maduro por isolar a Venezuela do restante do mundo, principalm­ente de países vizinhos.

A tensão entre Venezuela e EUA aumentou com a instalação de uma Assembleia Constituin­te este mês promovida por Maduro, que a oposição denuncia como manobra para instaurar uma ditadura. “O único caminho para a paz é a restituiçã­o da democracia. Nós, venezuelan­os, exigimos a realização de eleições livres”, assinalou a MUD.

Em visita à Colômbia ontem, o vice americano, Mike Pence, disse que a Venezuela “caminha para uma ditadura” e os EUA têm “muitas opções” para responder. O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, por sua vez, respondeu a ele que a possibilid­ade de uma intervençã­o militar não deveria ser contemplad­a.

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