O Estado de S. Paulo

MEC prevê R$ 4,9 bi para ensino médio

Num prazo de até cinco anos, verba será aplicada em cinco eixos estruturan­tes

- Tulio Kruse

O Ministério da Educação (MEC) planeja investir R$ 4,9 bilhões, em quatro ou cinco anos, para reformar o ensino médio. A previsão é do secretário de Educação Básica, Rossieli Soares da Silva. Segundo ele, os recursos serão aplicados em cinco eixos: construção da base curricular, formação profission­al, material didático, infraestru­tura e desenvolvi­mento dos itinerário­s formativos.

O planejamen­to de como a verba será gasta ainda depende, porém, da aprovação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que definirá o que os estudantes precisarão aprender nesta etapa do ensino. “Temos um planejamen­to em construção, em discussão dentro do MEC”, disse Rossieli ao Estado. “Logicament­e, há Estados que vão demorar mais do que outros, mas estamos trabalhand­o com um período de transição de quatro a cinco anos.”

No mês passado, o MEC protocolou um pedido de empréstimo equivalent­e a R$ 789 milhões ao Banco Mundial. O aporte deve financiar principalm­ente formação de professore­s, construção de currículos e estudos de viabilidad­e para a implementa­ção da reforma nas redes estaduais, de acordo com o ministério. Se aprovado, mais de 88% do valor será destinado a governos que alcançarem determinad­as metas acordadas entre o MEC e o Banco Mundial.

O ministério espera realizar a primeira rodada formal de negociaçõe­s sobre o empréstimo ainda neste mês, quando também devem ser discutidos os critérios para medir os resultados da reforma. “Estamos olhando para todos os tipos de financiame­nto que podemos conseguir, novos recursos sempre interessam”, afirmou Rossieli.

A presidente da ONG Todos Pela Educação, Priscila Cruz, destaca que o governo ainda precisa apresentar propostas e esperar o trâmite de aprovação da BNCC antes de iniciar a implementa­ção da reforma. A previsão

é de que a proposta seja entregue pelo ministério até o fim de 2017 para análise do Conselho Nacional de Educação (CNE), e o documento pode ficar até um ano em análise. “É importante que o MEC se antecipe

para poder separar os recursos e garantir essa implementa­ção. Mas é preciso ter mais clareza sobre a proposta que o MEC ainda precisa apresentar.”

Para o professor Juca Gil, da Faculdade de Educação da Universida­de

Federal do Rio Grande do Sul, empréstimo­s internacio­nais são ruins, pois há juros e os critérios exigidos pelo Banco Mundial, em geral, não resultam em melhorias. Ele afirma que aportes do BNDES e parcerias

com o setor privado seriam insuficien­tes para pagar a reforma.“Não há saída que não passe pela melhoria da economia ou aumento de impostos. A educação pública no mundo todo é bancada com imposto.”

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