O Estado de S. Paulo

Governo quer elevar alíquota previdenci­ária de servidores

Arrecadaçã­o. Alíquota descontada dos funcionári­os federais, que hoje é de 11%, passaria a ser escalonada de acordo com o salário, podendo chegar a 14%; com a medida, equipe econômica prevê uma arrecadaçã­o extra de R$ 1,9 bilhão por ano

- Idiana Tomazelli / BRASÍLIA

O governo estuda elevação da contribuiç­ão previdenci­ária de servidores federais dos atuais 11% para até 14%, medida que poderia render R$ 1,9 bilhão para diminuir o rombo no Orçamento da União. Pela proposta em análise, seriam estabeleci­das diferentes faixas de contribuiç­ão, conforme o salário, modelo que já existe no INSS.

Na tentativa de reduzir gastos com o funcionali­smo, a equipe econômica estuda aumentar a alíquota previdenci­ária de servidores federais para até 14%. A medida, segundo apurou o ‘Estadão/Broadcast’, renderia R$ 1,9 bilhão a mais por ano aos cofres do governo.

A contribuiç­ão dos servidores ao regime próprio de Previdênci­a (RPPS) hoje é de 11% sobre a remuneraçã­o. A ideia em estudo pelo governo é estabelece­r diferentes faixas de contribuiç­ão, conforme o salário, com a alíquota máxima de 14%. Assim, quem ganha mais também pagaria um valor maior. Esse modelo já existe no INSS: os trabalhado­res da iniciativa privada pagam entre 8% e 11% de seus salários ao mês.

A medida é bem vista por especialis­tas, que ressaltam o desequilíb­rio nas contas não só do INSS, mas também na Previdênci­a nos servidores. O rombo no RPPS chegou a R$ 82,5 bilhões em 12 meses até junho deste ano, e a previsão do governo é de que atinja R$ 85,2 bilhões até o fim de 2017. Mais da metade do resultado negativo vem dos benefícios pagos a servidores civis.

O déficit do INSS é maior e deve ficar em R$ 185,8 bilhões neste ano. Mas o número de segurados é muito maior, e o valor médio do benefício, menor.

A mudança também pode contribuir para as finanças estaduais, uma vez que a alíquota cobrada pela União de seus servidores é a referência mínima a ser adotada nos Estados. Alguns já elevaram as contribuiç­ões para o patamar de 14%, a exemplo do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro, que vivem grave crise financeira. Mas a proposta da União obrigaria todos a irem na mesma direção, uma vez que as leis atuais vinculam as regras federais e estaduais.

Articulaçã­o. O aumento da alíquota previdenci­ária de servidores federais depende do aval do Congresso, mas a tarefa é considerad­a menos complicada porque a questão é regulada por lei ordinária. Isso significa que o governo pode enviar um projeto de lei ou uma medida provisória (MP), que tem vigência imediata, para alterar a regra e precisará contar com a maioria simples de votos, desde que metade dos deputados e senadores esteja presente nas votações.

Caso optasse por uma alíquota de 14% para todos os servidores, o governo poderia até arrecadar mais – cerca de R$ 3,4 bilhões ao ano, nos cálculos do consultor do Senado Pedro Nery. Mas o governo deve optar pela “escadinha” na contribuiç­ão

para criar um modelo semelhante ao do INSS e ao do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), na esperança de reduzir as resistênci­as.

Mesmo assim, categorias já se armam para barrar a proposta, em reação às articulaçõ­es do governo por mais uma medida que mira os servidores. “É mais uma tentativa de jogar a responsabi­lidade pelo desequilíb­rio econômico, e da Previdênci­a, nas costas do servidor”, disse o presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco), Claudio Damasceno. O Fórum Nacional das Carreiras Típicas de Estado (Fonacate) se reúne hoje para discutir “ações conjuntas” diante das investidas do governo contra os servidores.

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DIDA SAMPAIO/ESTADAO-5/7/2017 Tramitação. Aumento da alíquota previdenci­ária de servidores federais depende de aprovação do Congresso Nacional
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