Recusamos convite para ir ao Jaburu, diz procurador
Após a nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge, visitar, na semana passada, o presidente Michel Temer fora da agenda oficial no Palácio do Jaburu, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima afirmou que a força-tarefa da Lava Jato de Curitiba recusou um encontro à noite, também no Jaburu, antes da votação do impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff. À época, Temer era vice-presidente. Segundo o procurador, o convite partiu do ex-assessor do peemedebista Rodrigo Rocha Loures.
“Só houve um convite, e nós recusamos”, afirmou Carlos Fernando, ontem, em evento em São Paulo. “Nós mesmos, às vésperas do dia da votação do impeachment, fomos convidados a comparecer no Palácio do Jaburu, à noite, e nós recusamos. Nós entendíamos que não tínhamos nada que falar com o eventual presidente do Brasil naquele momento”, afirmou.
Segundo Carlos Fernando, Loures, flagrado com uma mala com R$ 500 mil em propina do Grupo J&F e pivô da crise política que levou à denúncia por corrupção passiva contra o presidente, fez contato com os procuradores em Brasília durante um prêmio que a força-tarefa recebeu por combate à corrupção.
O procurador disse que o convite de Loures foi feito em 10 de maio de 2016. No dia seguinte, o plenário do Câmara deu início à votação do parecer da Comissão de Constituição e Justiça sobre o impeachment. Em 12 de maio, Dilma foi afastada da Presidência.
Auxiliares de Temer minimizaram o convite de Loures e disseram que o presidente já recebeu procuradores para um café da manhã no Jaburu.
Ao se referir à visita de Raquel, Carlos Fernando disse que ela deve ser cobrada sobre o encontro. Anteontem, ela divulgou nota na qual disse que a audiência estava em sua agenda pública e teve por objetivo discutir com Temer sua posse, em 18 de setembro.