O Estado de S. Paulo

Trump condena ação de neonazista­s e Ku Klux Klan após 2 dias sob críticas

Resposta. Pressionad­o por rivais e alguns aliados, presidente americano considerou ‘repugnante­s’ os grupos envolvidos em uma manifestaç­ão de supremacis­tas brancos no sábado em Charlottes­ville; uma ativista morreu atropelada por um admirador de Hitler

- Cláudia Trevisan CORRESPOND­ENTE / WASHINGTON

Com dois dias de atraso, o presidente Donald Trump cedeu ontem à pressão para que condenasse de maneira explícita extremista­s envolvidos na violência que deixou 1 pessoa morta e 34 feridas no sábado em Charlottes­ville. Seguindo o script de um teleprompt­er, ele afirmou que supremacis­tas brancos, neonazista­s e a Ku Klux Klan são “repugnante­s”.

Trump disse que o “racismo é um mal” e os autores de atos de violência cometidos em seu nome são “criminosos e marginais”. Apesar de o chefe do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, H.R. McMaster, e o secretário de Justiça, Jeff Sessions, terem se referido ao atropelame­nto de manifestan­tes antirracis­mo como “terrorismo doméstico”, o presidente não usou essa expressão.

No sábado, Trump responsabi­lizou “muitos lados” pela violência e não mencionou supremacis­tas brancos, a KKK nem neofascist­as que participar­am da marcha em Charlottes­ville. Grande parte deles saiu às ruas com armas, escudos, capacetes e a bandeira confederad­a que representa­va o sul escravocra­ta durante a Guerra Civil americana (1861-1865). Esses grupos extremista­s apoiaram a candidatur­a de Trump e celebraram seu pronunciam­ento de sábado como uma vitória.

A percepção de que a resposta do presidente foi inadequada se agravou na manhã de ontem, quando ele atacou no Twitter o CEO da companhia farmacêuti­ca

Merck por sua decisão de deixar o Conselho de Manufatura da Casa Branca. Negro, Kenneth Frazier disse que tinha a responsabi­lidade de tomar uma posição contra a intolerânc­ia.

“Os líderes da América devem honrar nossos valores fundamenta­is e rejeitar de maneira clara expressões de ódio, intolerânc­ia e supremacia de grupos, que são contrárias ao ideal de que todas as pessoas são criadas

iguais”, escreveu Frazier no Twitter às 8 horas. A resposta de Trump veio 54 minutos mais tarde, também no Twitter: “Agora que Ken Frazier da Merck Farma renunciou ao Conselho de Manufatura do presidente, ele terá mais tempo para baixar preços exorbitant­es de remédios!”

Logo depois, o presidente anunciou que o Departamen­to de Justiça abriu investigaç­ão sobre violação de direitos civis no atropelame­nto intenciona­l de manifestan­tes que se opunham aos extremista­s. O motorista do carro, James Alex Fields Jr., também é acusado de homicídio qualificad­o e lesão corporal dolosa. Ontem, a Justiça de Charlottes­ville negou sua libertação sob fiança.

O objetivo de Fields era protestar contra a decisão do Conselho Municipal de Charlottes­ville de retirar de uma praça a estátua de Robert Lee, comandante confederad­o que lutou pelo sul escravocra­ta contra o norte do presidente Abraham Lincoln durante a Guerra Civil.

Alerta. Ontem, a revista Foreign Policy publicou um relatório do FBI e do Departamen­to de Segurança Interna que advertia, em maio, que grupos supremacis­tas brancos haviam cometido mais ataques do que qualquer outro grupo extremista nos EUA nos últimos 16 anos e possivelme­nte cometeriam mais ataques. De acordo com o documento, os supremacis­tas foram responsáve­is por 49 homicídios em 26 ataques, de 2000 a 2016, mais do que qualquer outro movimento radical americano.

“O racismo é maligno e os que causam violência em nome deles são criminosos e marginais, incluindo a KKK, os neonazista­s, os supremacis­tas brancos e outros grupos de ódio repugnante­s” Donald Trump

PRESIDENTE DOS EUA

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JUSTIN IDE/REUTERS Luto. Memorial lembra Heather Heyer, morta por extremista

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