Prévias eleitorais indicam apoio à política de Macri.
Votação mostra respaldo à agenda de líder argentino e polarização com kirchnerismo antes de renovação do Congresso em outubro
A coalizão do presidente argentino, Mauricio Macri, mostrou força nas primárias das eleições legislativas argentinas de domingo, que servem como uma preliminar das eleições de outubro. Analistas projetam um pequeno aumento na bancada do Cambiemos e mais capital político para a agenda do presidente conservador.
A ex-presidente Cristina Kirchner conseguiu se impor como principal força da oposição a Macri, graças a uma expressiva votação na zona metropolitana de Buenos Aires. Mantidos os resultados na eleição de outubro, ela deve obter uma cadeira no Senado, com direito a prerrogativa de foro.
Tanto na capital argentina quanto nas principais províncias do interior, Cambiemos foi o partido mais votado. Na Província de Buenos Aires, a mais populosa do país, o candidato de Macri ao Senado, Esteban Bullrich, tinha apenas 9 mil votos a mais que Cristina (34,19% ante 34,11%, com 95,6% dos votos apurados).
Em outubro, os argentinos renovarão um terço do Senado e metade da Câmara. Haverá renovação dos postos dos três senadores da Província de Buenos Aires, onde estão 38% dos eleitores do país. Conforme indicam as primárias, as vagas devem ficar com Bullrich, Cristina e o ex-kirchnerista Sergio Massa. “Foi bom para o governo em razão dos triunfos nas Províncias de Neuquén, San Luis e La Pampa”, disse o analista Patricio Giusto, da consultoria Diagnóstico Político. “Cristina ainda pode ser a mais votada em outubro graças ao apoio na Grande Buenos Aires.”
Macri comemorou ainda na noite de domingo um triunfo que na madrugada de segundafeira se mostrou apertado. O mercado reagiu com alta das ações de empresas argentinas e queda no valor do dólar. Cristina, por sua vez, proclamou-se ganhadora e criticou a maneira como o governo divulgou os resultados.
Se eleita, Cristina terá prerrogativa de foro, o que impedirá a Justiça argentina de prendê-la no exercício do mandato. Para ser investigada, a Justiça teria de pedir autorização ao Senado, mediante maioria de dois terços da Casa. Ela responde na Justiça pela venda irregular de dólares do BC argentino e corrupção envolvendo um hotel da família na Patagônia. Candidatos do Cambiemos triunfaram também em Córdoba, Corrientes, Mendoza, Entre Ríos, Jujuy e Santa Cruz – berço político do kirchnerismo –, em uma demonstração de que Macri tende a melhorar sua condição no Congresso.
“Os resultados satisfazem a expectativa do governo, com uma segunda metade de mandato com uma governabilidade parecida à do primeiro, mas com uma situação um pouco melhor na Câmara e no Senado”, disse o analista Gabriel Puricelli.
A tendência até 2019 é a de uma crescente polarização entre Macri e Cristina, com a ex-líder se consolidando como antagonista do presidente. “O resultado para Cristina foi satisfatório. Ela arriscou e deve obter uma cadeira no Senado”, acrescentou Puricelli. “O governo deve se consolidar como primeira força política, mas Cristina ainda tem muito poder na Grande Buenos Aires”, ressalta o consultor Rosendo Fraga.