O Estado de S. Paulo

‘Nada do que foi será...’

- ROBERTA MARTINELLI E-MAIL: ROBERTA.MARTINELLI@ESTADAO.COM

Semana passada aconteceu uma surpresa no mundo musical. Assim, tarde da noite, pouco antes das 23h do dia 9 de agosto de 2017, Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown e Marisa Monte anunciaram um live no Facebook. Live é uma ferramenta de transmissã­o ao vivo na rede social. Todos já imaginavam o que aconteceri­a... boatos ou furos já rolavam nos meios de comunicaçã­o e bastidores que os Tribalista­s voltariam e os três negavam com convicção. E numa noite, num live no meio da semana, eles voltaram. Boa noite, comunidade! Mais do que falar das músicas já lançadas pelos Tribalista­s, quero chamar a atenção para a estratégia de lançamento do trio. Um live no Facebook sem avisar ninguém, sem divulgação anterior, sem os meios de comunicaçã­o tradiciona­is.

Muitos jornalista­s ficaram incomodado­s, mas, de verdade, e não estou desvaloriz­ando meu próprio espaço aqui, e sim colocando em questão. Precisamos conversar sobre o jornalismo tradiciona­l. O mercado da música mudou e muito, gravadoras deixaram de ser as grandes controlado­ras de tudo, hoje toda uma geração disponibil­iza discos online, produz, vende produtos, cria um mercado e vai descobrind­o o modo como fazer. Não existe mais apenas um caminho a ser seguido. Cada artista cria e descobre o próprio.

Essas mudanças todas levaram a mudanças também na forma de divulgar. É preciso sair no jornal? É preciso estar na TV? É preciso tocar no rádio? Claro, quanto mais espaço melhor. Mas nada disso é mais fundamenta­l. Eu poderia ter contado aqui que os Tribalista­s voltariam. Seria o que chamam de um furo, mas não é muito mais legal que Arnaldo, Carlinhos e Zé contem nas redes numa relação direta com o público? Sim! É! Olha a alegria e surpresa que foi.

Mas e nós os jornalista­s? Fomos deixados de fora? Fomos excluídos? Não! Nós fomos convidados para a transmissã­o ao vivo também nas redes sociais tanto quanto o público. Hoje, todos podem lançar, gravar, fazer música. E é muito comemorado que a música tenha um espaço aberto assim. Claro, uns se destacam, outros não. Claro, precisamos resolver questões importantí­ssimas como direitos autorais. Mas não existe aquele cara da gravadora que decide você sim, você não. Viva!

Hoje, também, todos podem escrever sobre um trabalho, falar o que acham de um disco, recomendar ou não uma obra, todos podem ser os chamados formadores de opinião. Aliás, formador de opinião é um termo bem esquisito. Não é muito melhor que todos tenham opinião? Muito mais do que ela ser formada por outra pessoa?

E você o que achou das músicas dos Tribalista­s?

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MARCO FRONER Tribalista­s. A volta
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