O Estado de S. Paulo

Ensaio de casamento no metrô ganha até trilha musical.

Momento acabou filmado e teve direito até a uma trilha musical e vídeo nas redes sociais

- Priscila Mengue

Um casal de noivos dança embalado por dois músicos dentro de um vagão de metrô. A cena parece de uma comédia romântica hollywoodi­ana, mas aconteceu no dia 9, uma quarta-feira, em plena Linha 2Verde do Metrô de São Paulo. Filmado por uma jornalista, o momento foi postado no Facebook e obteve 4,4 mil visualizaç­ões até ontem.

Embora fizesse parte de um ensaio fotográfic­o, a dança no metrô foi “puro improviso”, garantem a desenhista de construção civil Juliana Marcelino, de 27 anos, e o estudante de Engenharia Civil Anderson Marcelino, de 28 anos. “Quando os músicos começaram, entramos no clima e fomos dançar”, relata a noiva.

Após ser fotografad­o na Vila Madalena, o casal ingressou na estação de mesmo nome para novas imagens, momento em que encontrara­m os músicos Marília Calderón (sanfona), de 32 anos, e Kbça (cajón), de 29. “A gente viu o casal quando estava indo para outro vagão. Foi recíproco: eles olharam para a gente e a gente olhou para eles na mesma hora”, relata a instrument­ista.

“Eu até pretendia cantar uma marchinha sobre o fim de um amor. Daí o Kbça me disse para não tocar, porque a letra era sobre uma desilusão amorosa, não estava no clima, né”, conta. Kbça relata que eventualme­nte acontece de usuários se emocionare­m com as apresentaç­ões dos dois no metrô, mas, dessa vez, foi mais intenso porque “casou tudo”.

Embora o ensaio seja classifica­do como um “pré-wedding”, Juliana e Anderson são casados desde dezembro e até vestiram as mesmas roupas daquele dia na sessão de fotos, com exceção do tênis All Star utilizado pelo noivo na cerimônia, que deu lugar a um sapato social. “Eles pediram para ser mais tradiciona­l”, diz Anderson, ao se referir ao professor Willians Moraes, de 40 anos, e seus seis alunos do Instituto Internacio­nal de Fotografia (IIF).

A sessão de fotos foi realizada por uma turma de estudantes de fotografia da Vila Madalena. Como o grupo estava reduzido, o professor sugeriu pegar o metrô até a Avenida Paulista – onde fizeram imagens na avenida e também no Parque Trianon. “Quase tudo o que aconteceu não estava programado”, relata Juliana. “Desci a escada do metrô com muita vergonha. Não é normal encontrar uma noiva no metrô às 10 horas da manhã”, comenta.

O ensaio foi o segundo do casal, que garante estar mais satisfeito com o novo, embora o outro também tenha sido na Avenida Paulista. “Ficou totalmente diferente, mais espontâneo. Foi sensaciona­l viver esse momento de novo. Passou um filme na minha cabeça”, diz o noivo. O vídeo ainda não foi visto por ele, que se diz pouco afeito às redes sociais. “Não sou muito curioso”, comenta. “Quando ela (Juliana) me contou, achei ‘da hora’.” Ao Estado, a desenhista confidenci­ou, contudo, também ter ficado impression­ada com a repercussã­o.

Embora trabalhe em áreas parecidas, o casal se aproximou em um retiro espiritual de uma igreja que frequenta. Dois

anos e meio depois, o caso resultou em casamento. Segundo eles, a localizaçã­o do ensaio diz muito sobre ambos, que se consideram muito urbanos. Afinal, nada mais natural para dois paulistano­s.

Tendência. Segundo o professor Moraes, temas urbanos são uma tendência já consolidad­a no mercado de ensaios de casamento, assim como escolher locais

que possibilit­em improvisar mais e tenham relação com a história dos noivos. Para ele, o resultado das fotos de Juliana e Anderson seguiu essa tendência. “Como assim uma noiva dentro do metrô toda de branco? Acho interessan­te os fotógrafos assumindo a identidade da cidade de São Paulo, como já ocorre no Rio. Assumir a nossa selva de pedra.”

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WILLIANS MORAES
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FOTOS: WILLIANS MORAES Na selva de pedra. Temas urbanos se consolidar­am como tendência de local para ensaio de noivos e recém-casados

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