O Estado de S. Paulo

Estados ‘escondem’ déficit de R$ 30 bi com previdênci­a

Prática é condenada pelo TCU; nove Estados ultrapassa­ram os limites da Lei de Responsabi­lidade Fiscal em 2016

- Adriana Fernandes Idiana Tomazelli

Boletim anual que será divulgado hoje pelo Tesouro mostra que os governos estaduais informaram um déficit de R$ 55 bilhões com o pagamento de aposentado­rias e pensões em 2016. O valor apurado pelo Tesouro, no entanto, é de R$ 84,4 bilhões, uma diferença de quase R$ 30 bilhões. A prática é condenada pelo Tribunal de Contas da União (TCU). A União faz um acompanham­ento anual das contas estaduais para a renegociaç­ão de dívida. Os Estados admitiram que há diferença nas informaçõe­s. “Precisamos trabalhar juntos pela convergênc­ia”, disse a secretária do Tesouro, Ana Paula Vescovi. “Temos que estar na mesma página do ponto de vista contábil.” Nove Estados ultrapassa­ram em 2016 os limites da Lei de Responsabi­lidade Fiscal para gastos com pessoal.

Os Estados declararam no ano passado um rombo R$ 30 bilhões menor na Previdênci­a do que o apurado pelo Tesouro Nacional. O boletim anual que vai ser divulgado hoje e foi antecipado ao ‘Estadão/Broadcast’ mostra que os governos regionais informaram déficit de R$ 55 bilhões com o pagamento de aposentado­rias e pensões, mas o Tesouro detectou que o rombo é de R$ 84,4 bilhões. A prática é condenada pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

Embora usem uma contabilid­ade diferente, os Estados referendar­am os cálculos do Tesouro. A União faz um acompanham­ento anual das contas estaduais para a renegociaç­ão de dívida. E, dentro desse programa de acompanham­ento, os Estados admitiram que há diferenças nas informaçõe­s. “Há diferenças de apuração e precisamos trabalhar juntos pela convergênc­ia”, diz a secretária do Tesouro, Ana Paula Vescovi. “Temos de estar na mesma página do ponto de vista contábil.”

O presidente do Comitê de Secretário­s de Fazenda dos Estados (Comsefaz), André Horta, reconhece que há divergênci­as com o Tesouro sobre a classifica­ção de determinad­as despesas, mas diz que os governos estaduais trabalham para adequar as estatístic­as. A renegociaç­ão da dívida dos Estados previu alguns dispositiv­os para tentar tornar essa contabiliz­ação menos desigual. “O mais correto provavelme­nte é algo entre os dois (modelos)”, diz Horta.

Gravidade. O mais grave é que a conta para o futuro também está subestimad­a. Surpreende­ntemente, o rombo nas contas da Previdênci­a dos Estados já é maior do que as previsões feitas para os próximos anos pelos próprios governos regionais.

“As decisões do presente podem estar sendo turvadas por essas estimativa­s, que estão minimizand­o o problema”, adverte a secretária do Tesouro. Na sua avaliação, o retrato mais fiel da realidade dos Estados ajuda na tomada de decisões para resolver os problemas. Hoje, as dificuldad­es estão escondidas por números irreais.

Gasto com pessoal consome 60% da receita dos Estados

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