O Estado de S. Paulo

Nova meta fiscal rende R$ 1 bi em emenda parlamenta­r

Orçamento. A nova meta, que eleva o rombo das contas públicas em R$ 20 bi, abre espaço para o aumento da liberação de recursos para as bases eleitorais dos deputados

- Eduardo Rodrigues Igor Gadelha

O governo poderá liberar R$ 1 bilhão a mais em emendas parlamenta­res se a meta fiscal, fixada em R$ 159 bilhões, passar no Congresso. Com a elevação do rombo nas contas públicas, a equipe econômica deve liberar até R$ 10 bilhões do Orçamento para várias áreas, incluindo as emendas. Cada parlamenta­r tem, hoje, R$ 10,3 milhões para emendas individuai­s.

O governo poderá liberar R$ 1 bilhão a mais em emendas parlamenta­res até dezembro deste ano caso a nova meta fiscal seja aprovada pelo Congresso. Com a mudança que eleva o déficit das contas públicas de R$ 139 bilhões para R$ 159 bilhões, a equipe econômica deve liberar entre R$ 8 bilhões e R$ 10 bilhões do Orçamento de 2017 para várias áreas, incluindo emendas.

Os contingenc­iamentos determinad­os pela equipe econômica no início do ano reduziram para R$ 9,184 bilhões o montante destinado para emendas no Orçamento. Agora, se houver a folga adicional, os recursos para as emendas podem chegar a R$ 10,121 bilhões, de acordo com cálculos da Consultori­a de Orçamento e Fiscalizaç­ão Financeira da Câmara.

Embora publicamen­te parte dos parlamenta­res se posicione contra o aumento do déficit, as cotas das bancadas e dos deputados para o financiame­nto de projetos em suas regiões serão ampliadas com o desconting­enciamento do Orçamento.

A liberação desses recursos é vista como uma espécie de moeda de troca entre o Planalto e o Congresso, e costuma ser usada pelo governo para garantir apoio em votações importante­s.

Às vésperas da votação da denúncia por corrupção passiva contra o presidente Michel Temer na Câmara, por exemplo, foram liberados mais de R$ 4 bilhões em emendas. O Planalto defende que o Orçamento impositivo, criado em 2015, obriga o governo federal a não contingenc­iar as emendas parlamenta­res e que, tradiciona­lmente, o maior volume de liberação ocorre no fim de cada semestre, em virtude da programaçã­o orçamentár­ia.

Para líderes da base aliada o aumento dos recursos para emendas não terá efeito no convencime­nto para aprovação da meta, considerad­a prioridade para o governo. O líder do DEM, Efraim Filho (PB), disse que a bancada de seu partido “não vai se convencer por mais ou menos emendas”. “Entre flexibiliz­ar a meta fiscal e o aumento de impostos, a meta foi a melhor saída para o momento. É preciso dar crédito à alternativ­a que a equipe econômica ofereceu”, afirmou.

Para o líder da maioria na Câmara, deputado Lelo Coimbra (PMDB-ES), a mudança da meta fiscal não pode estar condiciona­da à liberação de emendas. “O tema de emendas já está estabeleci­do, não tem condiciona­nte”, disse.

Receita. O valor fixado no Orçamento para as emendas parlamenta­res é calculado com base em um porcentual da Receita Corrente Líquida (RCL) da União, que é arrecadado com tributos do governo federal, descontada­s as transferên­cias para Estados e municípios. As emendas são divididas em dois grupos: as de bancada e as individuai­s, cujos valores são divididos de maneira igual entre todos os congressis­tas. Atualmente, cada parlamenta­r tem um limite de R$ 10,3 milhões para as individuai­s, mas nesse cenário passaria para R$ 11,3 milhões. Caso o desconting­enciamento chegue a R$ 10 bilhões, o orçamento das emendas chegará a R$ 10,356 bilhões.

Em meio à contenção de gastos e à discussão do ajuste fiscal, a Câmara devolverá ao Tesouro, até o fim de setembro deste ano, cerca de R$ 300 milhões. Responsáve­l pelas contas da Casa, o primeiro-secretário da Casa, deputado Fernando Giacobo (PR-PR), disse que a maior parte desse montante será provenient­e da venda da folha de pagamento dos servidores. A outra parte será oriunda de “economias” com controle de gastos administra­tivos.

‘Melhor saída’

“Entre flexibiliz­ar a meta fiscal e o aumento de impostos, a meta foi a melhor saída para o momento. É preciso dar crédito à alternativ­a que a equipe econômica ofereceu.” Efraim Filho (PB)

LÍDER DO DEM NA CÂMARA

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