O Estado de S. Paulo

CNJ suspende pagamentos de até R$ 500 mil no MT

Corregedor determina abertura de pedido de providênci­as para interrompe­r supersalár­ios; juiz do TJ-MT recebeu R$ 503 mil em julho

- Julia Affonso Luiz Vassallo Fausto Macedo

A Corregedor­ia do Conselho Nacional de Justiça determinou que providênci­as sejam adotadas para a suspensão de pagamentos de “valores vultosos” por parte do Tribunal de Justiça de MT a 84 magistrado­s. Entre os que receberam está o juiz Mirko Vincenzo Giannotte, de Sinop. Seu contracheq­ue de julho foi de R$ 503.928,79.

O corregedor nacional de Justiça, ministro João Otávio de Noronha, afirmou ontem que não houve autorizaçã­o por parte da Corregedor­ia do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para pagamentos de “valores vultosos” realizados pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso a 84 magistrado­s, referentes a substituiç­ões para exercício de funções em cargos superiores entre 2005 e 2009.

Entre os que receberam está o juiz Mirko Vincenzo Giannotte, titular da 6.ª Vara de Sinop. O contracheq­ue do magistrado alcançou o valor de R$ 503.928,79 no mês de julho, conforme revelado anteontem pela Coluna do Estadão.

O corregedor nacional determinou a abertura de pedido de providênci­as para “suspender qualquer pagamento de passivos aos magistrado­s até que os fatos sejam esclarecid­os”.

Em nota à imprensa, ontem, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso informou que fez os pagamentos amparado em uma decisão do ministro-corregedor, de janeiro deste ano, em que foi autorizado o pagamento de R$ 29.593,08 a uma juíza referente a diferenças de substituiç­ão de entrância. “Esta decisão é específica e não é extensiva a outros casos, conforme Portaria N.º 104 da Corregedor­ia Nacional de Justiça, que suspendeu o pagamento de verbas do TJ-MT que ainda são objeto de investigaç­ão”, alertou o CNJ.

Passivos altos. O processo que tramita no CNJ e culminou na suspensão de pagamentos de verbas a magistrado­s e servidores do tribunal de Mato Grosso em 2009 revela “uma situação grave e complexa”.

Após correição feita no TJMT, verificou-se previsão de pagamentos de passivos “extremamen­te altos e sem que fossem discrimina­dos e justificad­os devidament­e pela administra­ção do TJ”. Por isso e cautelarme­nte, a corregedor­ia, à época, suspendeu esses pagamentos.

Além do caso autorizado pelo ministro, a corregedor­ia recebeu apenas mais um pedido de atualizaçã­o de certidão de crédito de um desembarga­dor no valor de R$ 790 mil, que foi negado por Noronha, “porque não ficou demonstrad­a a individual­ização das verbas envolvidas e suas origens”. Esse processo corre em sigilo no CNJ.

‘Nem aí’. A revelação dos vencimento­s de Giannotte foi feita anteontem pelo Estado. Ao jornal O Globo, o magistrado afirmou que o valor representa “justa reparação” pelos anos em que deu expediente em comarcas superiores, recebendo subsídios como juiz de primeira instância. “Eu estou dentro da lei e estava recebendo a menos. Eu cumpro a lei e quero que cumpram comigo”, afirmou Mirko. O magistrado disse que “não está nem aí” com a polêmica em torno de seu contracheq­ue e que o pagamento “é justo, dentro da lei”.

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