O Estado de S. Paulo

CNJ quer ‘banco de pareceres’ de saúde

Iniciativa do CNJ prevê ainda cursos a distância para capacitar tribunais e juízes

- Dayanne Sousa

Juízes avaliando disputas judiciais entre beneficiár­ios de planos de saúde e operadoras deverão contar com ajuda de médicos independen­tes. Um projeto do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que deve ser implementa­do ainda este ano em tribunais brasileiro­s quer capacitar equipes técnicas e construir um banco de dados para ajudar magistrado­s quando operadoras se negam a cobrir algum tratamento.

Um banco de dados com 52 pareceres sobre as questões de saúde mais recorrente­s em processos judiciais está sendo montado, conforme informou o supervisor do Fórum da Saúde no Conselho Nacional de Justiça, Arnaldo Hossepian, em um dos painéis do Summit. A iniciativa criou ainda a possibilid­ade de oferecimen­to de cursos a distância para capacitaçã­o do núcleo técnico de tribunais e dos próprios magistrado­s. De acordo com ele, 65 magistrado­s apenas no Estado de São Paulo já manifestar­am interesse.

A consulta a médicos independen­tes é vista como uma forma de dar base a decisões judiciais que normalment­e são tomadas em prazo bastante curto, conforme afirmou o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Paulo de Tarso Sanseverin­o. O objetivo é evitar fraudes que visem, por exemplo, a obrigar empresas ou mesmo o setor público a adquirir medicament­os sem eficácia.

“Há o médico do paciente que requisita o tratamento e há o médico da operadora. Essa seria uma terceira opinião, algo muito importante para limitar a concessão de liminares”, disse Sanseverin­o. “É uma possibilid­ade de o magistrado ter um corpo técnico atualizado, combatendo máfias que usam o Judiciário de forma a sangrar os cofres públicos”, completou Hossepian.

Crítico. Professor do Departamen­to de Medicina Preventiva da Universida­de de São Paulo, Mário Scheffer avaliou que a regulação do setor de saúde suplementa­r possui carências que têm levado a um aumento de processos judiciais. Para o especialis­ta, há processos judiciais com efeitos positivos na cadeia de saúde. “A judicializ­ação foi responsáve­l pelo avanço de várias políticas públicas, casos como o da aids e da hepatite demonstram que ações que na época eram tidas como anomalias se transforma­ram em diretriz clínica”, comentou.

Já Solange Palheiro, presidente da Federação Nacional de Saúde Suplementa­r (Fenasaúde), que representa as empresas, ressaltou que as decisões judiciais precisam “garantir o cumpriment­o de contratos”. “Não defendemos redução de coberturas, defendemos uma revisão desses produtos com um cuidado direcionad­o, uma assistênci­a coordenada onde outros fatores de regulação vão merecer integrar a discussão de um produto.”

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GABRIELA BILÓ/ESTADÃO No Summit do ‘Estado’. Público acompanha a palestra do ministro Ricardo Barros, no Sheraton WTC, em São Paulo
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AMANDA PEROBELLI/ESTADÃO FOTOS AMANDA PEROBELLI/ESTADÃO Atenção. No total, 619 pessoas foram ao Summit para ver oito painéis e três palestras, como a de Jack Kreindler
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Opções. Para Solange, Sanseverin­o, Scheffer e Hossepian existem alternativ­as

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